Yasmin Brunet conta sobre crises de lipedema: ‘É como tocar em uma ferida aberta’

Apesar de não ser raro, o lipedema ainda é pouco conhecido,e isso leva à falta ou imprecisão de diagnósticos, o que atrasa o início do tratamento e aumenta a progressão da doença

Yasmin-Brunet
Yasmin Brunet foi diagnosticada com lipedema após deixar o BBB24 e falou sobre a descoberta, que veio com um diagnóstico impreciso; entenda – Reprodução Instagram/@yasminbrunet

Em entrevista recente ao jornal ‘O Globo‘, Yasmin Brunet detalhou como foi ser diagnosticada com lipedema após ter saído do BBB24. “Já tinha ido a angiologistas e especialistas vasculares. Sempre me diagnosticavam com edema linfático. Quem sofre disso toma diuréticos e faz massagens para reter menos líquido, mas eu nunca melhorava. Não fazia massagem porque, quando tocavam minha perna, eu gritava de dor. A sensação de estar inflamada com lipedema é como tocar em uma ferida aberta”, disse.

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O que é o lipedema?

A modelo não está sozinha, já que o lipedema afeta 12,3% das mulheres brasileiras. “Caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo nas pernas, o lipedema surge, principalmente, nos membros inferiores, mas também pode acometer membros superiores e, em raros casos, áreas distintas como abdômen, face e axilas. A doença, apesar de não ser rara, ainda é pouco conhecida. Isso tende a levar à falta ou imprecisão de diagnósticos, o que atrasa o início do tratamento, aumenta a progressão da doença e, consequentemente, faz com que a paciente sofra física e emocionalmente”, explica a Dra. Heloise Manfrim, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Padrão do corpo

Pela falta de informação, a paciente com lipedema, frequentemente, passa a vida como uma falsa magra. Ou seja, magra da cintura para cima, mas com pernas grossas. “Muitas vezes, acredita que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da família. Dessa forma, elas não pensam que pode ser um problema. A crença de que se trata de um quadro de celulite, obesidade ou retenção de líquido é outro motivo que leva pacientes a demorarem para buscar auxílio médico”, atesta a cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Dra. Aline Lamaita.

Diagnósticos incorretos

Mesmo quando procuram um médico, não é incomum que se deparem com um diagnóstico incorreto. Isso porque muitos profissionais ainda não consideram a doença como uma possibilidade e afirmam que se trata de obesidade, sobrepeso ou ainda linfedema. “Além de favorecer o agravamento do quadro, isso pode levar a dificuldades de locomoção, linfedema, disfunções circulatórias e até problemas ortopédicos. Um diagnóstico inadequado pode causar muita frustração à paciente, visto que, além de ser crônico, o lipedema tem como característica o acúmulo de uma gordura doente que, geralmente, não responde às mudanças de hábitos, como dietas e prática de atividades físicas, comumente adotadas em casos de obesidade”, alerta.

Sinais do lipedema

Por esse motivo, é importante que as pacientes fiquem atentas aos sinais do lipedema e, ao notá-los, busquem um médico. “Os sintomas da doença, que incluem aumento simétrico do tamanho dos membros, principalmente das pernas e quadris, apesar de também afetar os braços em um menor número de casos; dificuldade de perder peso, principalmente na parte inferior do corpo; sensação dolorosa ao toque; aumento da frequência de hematomas espontâneos; e maior tendência ao acúmulo de líquidos”, diz Lamaita,

Opinião médica

A mesma especialista encoraja que as pacientes não tenham receio e busquem uma segunda opinião médica em caso de suspeita. “Hoje, já existem algumas diretrizes que ajudam os médicos no diagnóstico, mas, por ser uma doença de tratamento multidisciplinar, é necessário que o médico se dedique a estudar o problema e entenda as várias áreas de conhecimento necessárias para direcionar as pacientes de maneira adequada”, acrescenta.

Tratamento e causa

De acordo com Manfrim, a doença é interdisciplinar e seu tratamento envolve, além do cirurgião plástico, profissionais como endocrinologistas, nutricionistas e cirurgiões vasculares. “Apesar de estar relacionada a fatores hereditários e hormonais, a doença ainda não tem causa definida e, logo, não tem cura. Mas existe uma diversidade de procedimentos e terapias capazes de aliviar os sintomas e controlar a evolução da doença para impedir o surgimento de complicações como cicatrizes, infecções e falta de mobilidade. Sabemos que o tratamento cirúrgico pode ajudar o paciente, mas deve sempre ser acompanhado do tratamento clínico, conservador, que tem como base quatro pilares: dieta anti-inflamatória, atividade física específica para lipedema, terapia física complexa e protocolos medicamentosos específicos para a doença”, detalha.

Lipoaspiração

A Dra. Heloise explica que a lipoaspiração ganha cada vez mais espaço, inclusive para impedir a progressão da doença. “A cirurgia só é indicada quando a paciente já fez o tratamento clínico por mais de seis meses e não apresentou melhora ou quando tem uma queixa estética muito mais importante do que a funcional. Nesses casos, a cirurgia é indicada. E vale ressaltar que o cirurgião plástico é o especialista mais habilitado para a realização do procedimento”, conclui.

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*Matéria feita em parceria com Maria Claudia Amoroso, da Holding Comunicações

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