Suplementação de vitamina D passa a ser recomendada à todas as crianças; entenda

Em um movimento significativo para a saúde pediátrica, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) atualizou suas diretrizes. Agora, ela recomenda que haja a suplementação de vitamina D para todas as crianças e adolescentes até os 18 anos. Esta mudança surge em resposta à preocupações crescentes sobre a deficiência de vitamina D. A condição pode levar a problemas de saúde óssea e outras complicações. A nova orientação, publicada em novembro de 2024, marca a primeira atualização em oito anos. Ademais, reflete uma mudança importante na abordagem da saúde infantil no Brasil.

A importância da vitamina D

A vitamina D desempenha um papel crucial na saúde óssea, facilitando a absorção de cálcio e fósforo no organismo. A deficiência deste nutriente pode resultar em condições como o raquitismo, caracterizado por ossos fracos e deformidades esqueléticas. Além disso, a vitamina D é essencial para o sistema imunológico, ajudando a prevenir infecções respiratórias, que são uma preocupação significativa para a saúde infantil.

Com a modernização e o aumento do tempo gasto em ambientes fechados, muitas crianças e adolescentes estão recebendo menos exposição solar. Este estilo de vida, combinado com dietas pouco ricas em alimentos que contenham vitamina D, como peixes e laticínios fortificados, aumenta o risco de deficiência.

Diretrizes atualizadas e justificativas

A decisão de atualizar as diretrizes brasileiras veio de uma revisão sistemática da Sociedade Americana de Endocrinologia. Esta destacou 14 questões clinicamente relevantes relacionadas ao uso de vitamina D. Entre essas questões, a suplementação é crucial na visão do grupo pediátrico, especialmente para aqueles sem exposição solar adequada e sem uma dieta rica em vitamina D.

O endocrinologista Crésio Alves, presidente do Departamento Científico de Endocrinologia da SBP, destacou que “as crianças e os adolescentes fazem cada vez menos atividades ao ar livre e estão cada vez menos expostos à luz solar. Eles ficam em shoppings, dentro de casa jogando videogame. Por isso, provavelmente parte deles está com déficit desse nutriente”.

Além disso, a pediatra Débora Ariela Kalman, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressaltou a importância da suplementação para a mineralização óssea durante a fase de crescimento intenso. Ela enfatizou que a atualização das diretrizes ajuda a prevenir a deficiência de vitamina D. A mesma também determina a forma correta de suplementar, evitando doses exageradas.

Riscos e considerações

Embora a suplementação de vitamina D seja agora amplamente recomendada, é crucial que seja feita sob orientação médica. A vitamina D é lipossolúvel, o que significa que seu excesso não é facilmente eliminado pelo corpo e pode se acumular, levando a toxicidade. Portanto, a administração sem supervisão pode resultar em hipervitaminose D, uma condição que pode causar danos aos rins e ao coração.

Os especialistas alertam que, apesar dos benefícios, a suplementação deve ser personalizada e monitorada por um pediatra para garantir que as doses sejam adequadas às necessidades individuais de cada criança ou adolescente.

Impacto na saúde pública

A implementação dessas diretrizes pode ter um impacto significativo na saúde pública, especialmente em um país como o Brasil, onde a exposição solar pode variar amplamente devido a fatores geográficos e culturais. A suplementação adequada de vitamina D pode ajudar a reduzir a incidência de doenças relacionadas à deficiência de vitamina D, melhorando a saúde geral e o bem-estar das crianças e adolescentes.

Além disso, a conscientização sobre a importância da vitamina D pode incentivar práticas de vida mais saudáveis, como a promoção de atividades ao ar livre e uma dieta equilibrada, que são fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças.

*Matéria feita em parceria com a Agência Einstein