Uma história de uma menina norte-americana, que machucou severamente os bíceps, tornou-se viral nas redes sociais nesta quarta-feira (25) e deixou os internautas praticantes de Crossfit preocupados. Com isso, conversamos com a médica ortopedista, Dra. Christine Muniz, para explicar o que aconteceu e quais os riscos de outra pessoa passar pelo mesmo episódio. Confira:
O que aconteceu?
Jessica Johsnon, de 25 anos, estava fazendo o desafio Murph – que consiste em fazer uma corrida de, aproximadamente, um quilômetro e meio, 300 agachamentos, 200 flexões no solo e 300 na barra – e treinando para uma competição. Ela passou um pouco do limite na hora de realizar o exercício na barra. Quando estava finalizando a 50ª flexão, seus braços incharam drasticamente e ela reparou que sua urina estava preta. Com os sintomas, ela correu para o hospital e descobriu que estava com rabdomiólise. Assim, passou quatro dias hospitalizada, e hoje, está bem.
O que é a rabdomiólise?
Segundo a especialista que também é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo, “a rabdomiólise é uma síndrome incomum que pode estar relacionada à várias situações, principalmente acidentes com trauma graves ou exercícios extenuantes”. E a lesão que Johnson sofreu foi no bíceps, um músculo de duas cabeças que fica no braço entre o ombro e o cotovelo.
A mesma pode ser agravada pelo uso de algumas medicações, como estatinas, anticonsulsivantes e psicotrópicos, bem como a desidratação ou abuso de álcool. “É importante salientar que é uma complicação bastante grave e que necessita de tratamento com internação hospitalar na grande maioria dos casos”, ressalta.
Como saber o limite dos exercícios?
No caso da jovem, ela ultrapassou seus limites, então como saber a hora de parar? “Uma medida que pode auxiliar na definição do limite seguro para a prática de qualquer atividade física deve ser a progressão gradual e lenta, respeitando o repouso necessário, Deve-se tomar cuidado em qualquer tipo de exercício, pois o exagero pode desencadear essa complicação em qualquer atividade esportiva e não somente com flexão de braço”, explica a médica.
O Crossfit é uma prática perigosa?
Com o acontecimento, algumas pessoas podem passar a pensar que o Crossfit é uma prática perigosa, mas Muniz tranquiliza. “No Crossfit, as lesões na região do ombro são comuns devido à intensidade e variedade dos movimentos, mas a modalidade não pode ser considerada perigosa isoladamente. A literatura relata risco de lesões semelhantes em diversos outros tipos de treinos”, detalha.
Porém, o excesso de prática pode ser um problema. “A chance de levar à lesões músculo-esqueléticas é grande. As articulações frequentemente afetadas são joelho, ombro e coluna. Alguns casos graves chegam a necessitar de tratamento cirúrgico”, atesta.
O que fazer para se cuidar?
A especialista esclarece que o cuidado é necessário em qualquer exercício físico. “Pessoas, que praticam Crossfit mais de cinco vezes por semana, correm mais risco de se lesionar, assim como os participantes de competições. O ombro é uma articulação com grande mobilidade e está susceptível à lesão em várias modalidades esportivas e de lazer. Então evite muita carga ou repetitividade por tempo prolongado, e faça movimentos para aquecer e fortalecer toda a região ao redor da escápula”, aconselha.
Outra medida necessária é a hidratação e a forma que se alimenta no dia a dia. “Beber bastante água, durante o treino, pode ser uma forma de prevenção, bem como uma alimentação equilibrada”, indica.
Se sentir dores nos ombros?
Os cuidados são simples caso você sentir dores nos ombros. “Utilize uma compressa de gelo, faça um repouso curto e tome um analgésico comum. Se não resolver em dois ou três dias, procure um ortopedista de sua confiança” conclui.