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Metais pesados foram encontrados em absorventes internos; quais são os riscos?

Published 23/09/2024
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A publicação do 'Environment International' mostrou que os 14 marcas de absorventes internos possuem 16 tipos de metais - Pexels/Karolina Kaboompics

Cientistas da Universidade da Califórnia realizaram um estudo que identificou mais de dez tipos de metais nos absorventes internos. Para entender melhor quais são os riscos que as mulheres estão correndo, a Agência Einstein conversou com especialistas. Entenda mais:

Descoberta sobre os absorventes internos

A publicação do ‘Environment International‘ mostrou que os 14 marcas de absorventes internos possuem 16 tipos de metais, entre eles, arsênio, bário, cálcio, cádmio, cobalto, cromo, cobre, ferro, manganês, mercúrio, níquel, chumbo, selênio, estrôncio, vanádio e zinco. As únicas variantes foram as concentrações e o material.

Para chegarem a este resultado, os pesquisadores avaliaram produtos comprados nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Grécia entre setembro de 2022 e março de 2023. As compras foram focadas em marcas populares e mais vendidas em uma grande varejista online e lojas físicas.

E eles acreditam que as substâncias tenham entrado em contato com o material de diversas formas. Há a possibilidade de algodão ter absorvido-as através da água, do ar e até mesmo do solo. Por outro lado, elas podem aparecer no procedimento, através de processos como o pigmento, o branqueador e até mesmo agente antibacteriano.

Impactos na saúde das mulheres

Quanto à saúde da mulher, ela está em risco ao utilizar a mercadoria? Segundo os autores do estudo, o contato possibilita algumas consequências. “Mesmo a exposição de baixo nível [ao chumbo] pode resultar em impactos neurocomportamentais em adultos e crianças, incluindo diminuição da função cognitiva, como atenção, memória e capacidade de aprendizagem prejudicadas. No caso da exposição ao arsênio, há possíveis impactos nas funções do útero e ovários, bem como risco de doenças cardiovasculares”, afirmam.

A ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Renata Bonaccorso Lamego, por sua vez, alertou que a presença dos metais pesados pode, sim, significar uma preocupação. A toxicidade dos metais tem força para ocasionar impactos neurológicos, cardíacos, riscos de câncer, doenças renais e infertilidade.

E você se pergunta como os componentes entram no nosso corpo. A resposta é através do canal vaginal, pois, por causa da vascularização intensa, eles são facilmente absorvidos. “Para se ter ideia, algumas medicações, normalmente administradas por via oral, podem ser prescritas para ser utilizadas pela via vaginal por possuir a mesma eficácia”, detalhou.

Mais comprovações

Apesar da descoberta importante, a ginecologista Adriana Campaner afirmou à Agência Einstein que não é o suficiente para atestar que o produto é nocivo à saúde. Para isso, precisam fazer mais estudos e utilizar outras abordagens, como se os metais realmente chegam à corrente sanguínea. “Seriam necessários novos estudos que avaliassem a presença desses metais no sangue de usuárias em comparação com quem não usa os absorventes internos”, complementou.

Para testar se o mesmo vale para o Brasil, também teriam que realizar um estudo com produtos brasileiros. “É possível existir a absorção, mas por enquanto não é algo que podemos afirmar. Outros pontos também devem ser investigados, como se, além dos riscos para o organismo, há também potenciais riscos para a área genital em si. Tudo isso exigiria um estudo a longo prazo”, complementou.

Ademais, vale considerar a possível contaminação por pesticidas“Por ser muito vulnerável a pragas, esse tipo de fibra vegetal acaba sendo suscetível ao uso intensivo de agrotóxicos. Isso reforça a necessidade de uma regulamentação e uma fiscalização mais atenta sobre a cadeia de produção, além de um incentivo ao uso de algodões tratados de maneira mais sustentável”, finalizou Lamego.

Cuidados

Outro agravante é a forma de uso por causa da proliferação de bactérias que estão no sangue acumulado e levam à infecções. Para evitar, troque o absorvente a cada duas a seis horas, dependendo do fluxo. “Hoje em dia, temos outras opções, como os coletores e discos vaginais. A grande maioria é de silicone e as propagandas sempre frisam que são antibacterianos. Mas, assim como os absorventes internos comercializados por aqui, nós também não sabemos o que está presente na composição desse tipo de produto, o que ressalta a necessidade de mais pesquisas relacionadas a esse tópico”, concluiu Lamego.

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