Segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), publicado em outubro, pessoas que fazem o jejum intermitente possuem a tendência de desenvolver compulsão alimentar e de desejar alimentos calóricos. Entenda:
O estudo
Para chegarem às conclusões, os pesquisadores realizaram um questionário online com 458 estudantes universitários. O objetivo era investigar as práticas de jejum e com qual frequência haviam feito a dieta dentro de três meses antes da coleta de dados. Com isso, descobriram que 89 deles costumavam seguir o método. Os fatores principais analisados foram os níveis de restrição cognitiva, compulsão alimentar, desejo por comida e consumo de alimentos não indicados para quem pretende emagrecer.
Outro detalhe é que o enfoque maior se deu na associação das horas de jejum intermitente enquanto estavam acordadas com os comportamentos alimentares. Isso porque, segundo o nutricionista e autor do estudo, Jônatas de Oliveira, “se alguém está jejuando acordado, precisará de controle cognitivo para sustentar a situação e dominar a vontade de comer. E a hipótese era que isso poderia ser um fator estressor, o que não acontece enquanto está dormindo”.
Os resultados
Assim, se depararam com o fato de que dos 89, 32 apresentavam compulsão alimentar e que a maioria não teve comportamento compensatório – como o vômito, por exemplo, que estaria associado à bulimia. Então isso aponta que a compulsão está interligada à prática de jejum, e não a outro transtorno alimentar.
Outro fator interessante foi que a proporção de horas em jejum foi 29% maior em participantes com compulsão alimentar moderada, e 140% maior em pessoas com compulsão severa. “Esses resultados ressaltam a importância de estratégias alimentares baseadas na regulação emocional e comportamental, especialmente para jovens universitários, que são particularmente vulneráveis a transtornos alimentares”, indicou o especialista.
Tipos de jejum intermitente
Existem várias maneiras de fazer o jejum intermitente, mas o 16/8 é o mais comum. Ou seja, a pessoa fica sem comer durante dezesseis horas e se alimenta dentro de oito. Há outra opção de fazer um intervalo de doze por doze, e uma terceira em que são vinte horas sem comer e quatro se alimentando. Há quem prefira fazer um mais rigoroso, de um dia completo, durante uma ou duas vezes na semana.
Apesar de houver pessoas que conseguem emagrecer seguindo este planejamento, diversos especialistas, como o endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Paulo Rosenbaum, afirmam que, com o tempo, a propensão é de compensar em alimentos calóricos. “É muito comum que os indivíduos que fazem esses tipos de jejum não consigam manter a perda de peso a longo prazo. Existe uma restrição calórica, a pessoa consegue emagrecer, mas no dia a dia é difícil sustentar essa prática”, afirmou na publicação da Agência Einstein.