Como acidentes aéreos de 2025 afetam a saúde mental até de quem nunca andou de avião?

A especialista tem percebido o aumento de casos de medo de avião, mas o número extrapola as paredes de seu consultório e as fronteiras do Brasil, já que um estudo da Cleveland Clinica aponta que 25 milhões de habitantes estão com Aerofobia

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Diversas pessoas estão passando a ficar com medo de avião – até mesmo quem nunca usou o meio de transporte – por causa dos acidentes aéreos – Canva Equipes/Leung Cho Pan

Estamos no segundo mês de 2025 e, só no Brasil, houve vinte e duas quedas de aeronaves e dez mortes, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB). E, já que vários deles são noticiados, e a cobertura toma bastante espaço da grade dos veículos jornalísticos, diversas pessoas estão passando a ficar com medo de avião – até mesmo quem nunca usou o meio de transporte. Sendo assim, para conversar sobre a Aerofobia, chamamos a psicóloga e psicanalista, Luciana Inocêncio. Entenda o cenário:

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Aerofobia: o medo de avião

A especialista tem percebido o aumento de casos de medo de avião, mas o número extrapola as paredes de seu consultório e as fronteiras do Brasil. Isso porque um estudo da Cleveland Clinica aponta que 25 milhões de habitantes, nos Estados Unidos, foram diagnosticados com Aerofobia. Segundo a especialista em Transtornos Graves das Psicoses, o fenômeno está acontecendo não apenas com sobreviventes e familiares das vítimas Até aqueles que utilizavam o veículo estão em pânico.

“Acidentes aéreos recorrentes se tornaram gatilhos para a ansiedade e a fobia, fazendo com que muitos procurem ajuda no consultório para driblar o medo de voar e cumprir agendas profissionais e compromissos pessoais. A natureza inesperada e catastrófica deste tipo de evento desencadeia um sem-número de reações emocionais. Seja o sujeito vítima ou não, ele pode desenvolver aerofobia. Para se ter ideia, se a angústia for muito intensa, o passageiro chega ao ponto de acreditar que estará no próximo acidente”, relata.

O impacto das notícias

A especialista também ressalta que a cobertura dos noticiários contribui para o desenvolvimento da condição mental. “O bombardeamento midiático e a exposição repetitiva à imagens impactantes ativam o sistema de alerta do cérebro. Por sua vez, este associa a experiência de um voo, que até então era considerada normal, a um perigo iminente. Então a pessoa passa a superestimar a probabilidade de novos desastres. A isso, a Psicologia dá o nome de hiperatenção ao risco e de heurística da disponibilidade. A definição é dada para quando eventos de grande impacto emocional são percebidos como mais frequentes do que realmente são”, detalha.

Os sintomas

E, já que os acontecimentos estão se dando em um curto período de tempo, isso está mexendo com a mente humana. “O conjunto da obra pode desencadear o que chamamos de ansiedade antecipatória. Dessa forma, aqueles que precisam viajar de avião, a passeio ou a trabalho, começam a apresentar sintomas muito antes do horário do embarque. Então elas sentem insônia, têm sudorese e crises de pânico. É uma agonia sem fim”, explica.

Vale lembrar que, dependendo do grau de pavor, o cidadão pode sofrer de frustração, isolamento e ter uma desistência sistêmica em voar. Isso pode acontecer especialmente se não houver a reversão do quadro. Então, se você sente medo de avião e pressente que está saindo do controle, a profissional aconselha procurar um psicoterapeuta para te ajudar a driblar este medo de avião.