Pesquisa incentiva escolas a fazerem atividades ao ar livre visando a saúde mental das crianças

Para entender como a natureza poderia amenizar o estresse e a ansiedade, pesquisadores analisaram 1.015 estudantes, com idades entre 10 e 12 anos, que tinham duas horas semanais de aulas em um parque

saúde-mental
A fim de entender como a natureza poderia melhorar a saúde mental, pesquisadores propuseram duas horas semanais de aulas em um parque – Canva Equipes/Jacob Lund

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo mundo, 14% das crianças e adolescentes, entre 10 e 19 anos, têm algum tipo de transtorno mental. Já no Brasil, um levantamento da Fundação José Luiz Egydio Setúbal estima que cerca de oito milhões de menores enfrentam este cenário. Como solução, os pais investem em diferentes tipos de tratamentos, como psicoterapia e medicamentos. Estes têm se mostrado eficazes. No entanto, um método mais simples pode complementar os cuidados com a saúde mental: fazer atividades ao ar livre. Um estudo publicado no JAMA Network Open mostrou uma melhora no bem-estar de estudantes após escolas acrescentarem tarefas na natureza à grade curricular.

Publicidade

Como a natureza melhorou a saúde mental dos estudantes

Para entender como as atividades ao ar livre poderiam amenizar o estresse e a ansiedade, os pesquisadores das universidades McGill e de Montreal analisaram, por 12 semanas, 33 escolas, com 1.015 estudantes de idades entre 10 e 12 anos, que realizaram duas horas semanais de aulas em um parque. As tarefas sugeridas, contudo, iam além das questões habituais de português, matemática ou química. Isso porque também incluíam exercícios terapêuticos, como desenhar e escrever. A fim de obter melhores resultados, o estudo comparou a avaliação comportamental das instituições que utilizaram o novo sistema com os dados de outras 17 escolas, com 500 alunos, que não participaram do experimento.

Os estudiosos observaram, por fim, que as crianças com sintomas de ansiedade ou depressão, apresentaram melhoras significativas. Além disso, à ‘Agência Einstein‘, a pesquisadora e docente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Eliseth Leão, ressaltou que os benefícios poderiam ser ainda maiores caso as atividades na natureza perdurassem por mais tempo.

“Intervenções ambientais, como a exposição à natureza, podem contribuir para mudanças graduais no bem-estar, na redução de sintomas ou na resiliência emocional, que não são facilmente captadas em um estudo de curta duração. Além disso, a formação de hábitos relacionados ao contato com a natureza pode ter impactos cumulativos, ampliando os efeitos ao longo do tempo,” detalhou.

De acordo com a especialista, incorporar atividades ao ar livre no cotidiano ainda pode melhorar a concentração, promover maior relaxamento e motivar a prática de exercícios físicos.

Paisagens podem aliviar dores

Um estudo, publicado na revista ‘Nature Communications‘, utilizou um aparelho de ressonância magnética funcional para detectar as atividades cerebrais de 49 pessoas, enquanto elas recebiam choques elétricos. Ao final do experimento, os participantes relataram sentir menos dor ao assistirem à imagens de paisagens. O efeito, no entanto, não acontecia quando apareciam cenas do cotidiano urbano, como escritórios ou prédios.

Mas as descobertas dos pesquisadores não pararam por aí! Com o auxílio de uma inteligência artificial, os estudiosos conseguiram observar alterações nas respostas cerebrais referentes às dores. Essas mudanças mostram uma redução dos sinais sensoriais do cérebro que detectam incômodos após a exposição a fotos da natureza. Segundo os pesquisadores, isso ocorreu porque as paisagens distraíram as pessoas dos choques. Confira a matéria completa. 

*Texto sob orientação de Helena Gomes

Publicidade