Wyn Starks: conheça a história de superação e músicas do cantor que foi trilha sonora do documentário de Céline Dion

O músico norte-americano negro e queer teve que enfrentar suas inseguranças, desafios e dificuldades da carreira para chegar onde está; veja mais sobre a vida dele e conheça cinco músicas além de ‘Who I Am’

Wyn-Starks
Conheça Wyn Starks, sua história de superação e ouça algumas músicas – Divulgação

Você provavelmente deve ter se deparado com essa cena do documentário ‘I Am’,nas redes sociais, que mostra os desafios enfrentados por Céline Dion. O que talvez você não saiba é que essa é a música de Wyn Starks, um cantor norte-americano, negro e queer que está ganhando os holofotes e as playlists das pessoas. Então que tal conhecer um pouquinho mais sobre ele e sua história de superação em relação às próprias inseguranças que teve que enfrentar para chegar onde está.

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@wynstarks Here is a sneak peak of the incredible moment from the I Am: Celine Dion documentary. Watch the full doc on Prime. @Celine Dion ♬ original sound – wynstarks

O início da jornada

A recomendação de sua música no trabalho cinematográfico de uma das maiores estrelas é a recompensa de todos os desafios que enfrentou. Os primeiros holofotes chegaram através do America’s Got Talent, mas o reconhecimento primeiro teve que vir de si.

A história de Starks com a música começou quando ainda era pequeno, cantava na igreja, nos corais da escola e fazia aulas de canto no bairro em que morava. Desde mais novo, já compunha músicas e amava conhecer novos sons ao lado de seu irmão gêmeo, Caine. Porém, tinha inúmeras inseguranças. “Eu odiava quão aguda era minha voz, a forma que cantava e até mesmo falava. Tinha uma professora, a senhora Maguire, que me colocava para fazer solos e eu ficava com muito medo. Eu era repleto de inseguranças”, relembra.

Ao mesmo tempo, amava o sentimento que a música trazia e começou a enxergar seu possível futuro ali. “Foi o que me fez me encontrar. Meus professores tiraram aquilo de mim e me incentivaram a partir em rumo dessa jornada de autodescoberta, tentando entender que tipo de artista eu queria ser. Passei a trabalhar meus medos, indo das inseguranças ao luto”.

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Partida do irmão gêmeo

Em 2020, Wyn perdeu seu irmão gêmeo e sua tia, que era como uma segunda mãe para ele. “Experienciei muitas perdas na minha família nesses últimos anos, e a música foi o que me deu forças para enfrentar tudo, especialmente, quando penso em meu irmão. Crescemos ouvindo as mesmas músicas. Tínhamos interesses e gostos parecidos. Então isso é muito ele também, sabe? Mesmo que eu não tenha mais ele aqui comigo fisicamente, ainda sinto que está aqui, através da memória. E poder compartilhar essas músicas tem sido uma coisa terapêutica para mim”, disse abrindo o coração.

Apesar da partida, ele conta que enxerga o familiar em si quando assiste à sua audição no ‘America’s Got Talent’. “Quando eu me olho, naquele palco, penso:’Uau! Nunca notei como me pareço tanto com meu irmão gêmeo fraternal’. Eu vejo muito dele em mim agora. É como se ele estivesse aqui agora”, afirmou apontando para o coração.

“Não é para os fracos de coração”

O que você já deve ter ouvido falar é que a música não é um caminho fácil para quem vive dela. E é por isso que, segundo a voz de ‘Sparrow’, é necessário ser apaixonado pelo ofício. “Uma vez, vi uma entrevista da Taylor Swift e eu amo o que ela disse. Ela falava que ‘muito do que está acontecendo é o que você não vê. Mas quando você ama tanto a música, tudo isso vale a pena’. E isso me pegou muito, porque as pessoas enxergam apenas os vídeos, as músicas que escutam. Elas vêem o grande, os holofotes. Não sabe o tanto de trabalho que tem por trás. Eu estou nessa jornada, mas vale a pena, vale muito. Essa carreira não é para os fracos de coração, mas eu sou muito apaixonado. Amo isso demais”, enfatiza.

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Lugar de autodescoberta

Os impasses não foram poucos, mas ele finalmente desenvolveu o amor próprio e passou a expressá-lo: “Honestamente, eu realmente comecei a me amar quando vi muitas coisas acontecendo para mim. Passei a fazer isso para mim primeiro. E eu não quero soar egoísta, porque, apesar de eu fazer música para as pessoas ouvirem, eu tenho que estar aqui primeiro [aponta para o coração]. Porque você não é bom para ninguém mais se você não ama aqui, né? [aponta para o coração]. Então eu tive que ir para esse lugar de autodescoberta. Eu o encontrei e segui o caminho”.

E continua: “As pessoas sabem. Os seus ouvintes conseguem sentir a autenticidade e eu amo isso. Porque as músicas em que eu realmente coloquei tudo de mim, quando eu as escuto, me lembro porque eu as escrevi, me lembro do porquê eu faço isso. E eu ser capaz de ter essa vulnerabilidade e as pessoas me darem isso de volta, é isso que importa, sabe?”.

‘Who I Am’

‘Who I Am’ foi a forma que o mundo o conheceu. A parceria de Starks com Vanessa Campagna e Josh Broleewe foi a forma encontrada de aceitar sua antiga versão. “Nós escrevemos a partir de uma simples conversa que foi na direção certa. As minhas inseguranças tornaram-se minha força. E é sobre isso que a canção fala. Abraçar essas coisas que nós pensávamos que eram defeitos e que não gostávamos em nós mesmo. Isso é o que eu sou, e é lindo, sabe? Agora, tudo o que eu quero fazer é abraçar aquela criança. Eu não quero fazer mal àquele menino mais. Finalmente deixo ele sair e voar”, afirma.

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E não foi à toa que Céline Dion se identificou com a letra. “É como a Céline está falando sobre como a voz dela a guiou. E, no documentário, ela menciona isso, dizendo que estava curtindo o momento. E eu finalmente estou aceitando que minha voz me guie e aproveitando esse passeio. Tem sido uma realização interessante para mim. E tendo essa figura tão importante me mostra que eu estou no caminho certo e serviu como um lembrete, como se falasse ‘você consegue’. Saber que a minha música é a que as pessoas estão ouvindo e encontrando sentido nela,  significou para mim. Isso é a melhor recompensa”, atesta.

Inspiração na vida

Assim como na trilha sonora do documentário, as músicas de Wyn contam sobre sua vida, o que torna muito fácil de se identificar. Pois quem não passa por momentos de insegurança, autoconhecimento e desafios da vida cotidiana? Além disso, os fãs de videoclipes serão agraciados, pois ele tem vários

Em ‘Where Are The Giants’, por exemplo, o músico fala sobre não ter a figura paterna presente. “É algo que você sempre quis e isso foi difícil, porque eu continuo tendo contato com o meu pai, mas eu precisava falar minha verdade e contar minha história. É também sobre o perdão. Mas tudo ficará ainda mais claro quando você ver o vídeo que vem vindo por aí”, conta, dando um spoiler.

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No caso de ‘Run’, Starks fala foca na luta de ter dois turnos para correr atrás dos seus sonhos: “Eu trabalhei à noite em dois hotéis e ensaiava algumas coreografias para um vídeo que estava fazendo. E, algumas vezes, eu estava no quarto dos fundos quando chegava um cliente, e ia atendê-lo todo suado e cansado. Então fala a respeito de não desistir do que se quer”.

‘Dancing My Way’ era esse trabalho em questão. Você pode já ter ouvido esse hit em algumas academias por aí, inclusive. “É um conselho para dançar no ritmo da sua própria bateria e encontrar aquela liberdade. ‘Um pouco fora de ritmo, mas nós nem ligamos para isso’, sabe? Dançar do meu jeito. Inclusive, falando em dançar, eu sou péssimo nisso, mas eu amo. E o videoclipe dessa música merecia alguns movimentos, então conheci um coreógrafo incrível, o Johnny, que me mandava os vídeos dos passos para eu ensaiar nos tempos vagos”, relembra.

‘Circles’ é para quem está amando e, inclusive, Wyn conta que é trilha sonora de diversos pombinhos por aí. “Foi meu primeiro single e ainda é uma das minhas músicas prediletas para cantar. Tem aquela vibe meio antiga, mas, ao menos tempo, é algo novo. Ela já esteve em muito casamentos. Cantei em alguns deles, inclusive”, relata.

Por fim, ‘Not a Waste’ é outra música bem especial para Starks. “Pudemos voltar para a minha cidade e filmar minha família. Foi em um Quatro de Julho [feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos], um momento muito especial. Mesmo que meu irmão já estivesse feito a passagem, seu filho estava lá e nós pudemos compartilhar um momento importante no vídeo, então eu amo demais o clipe e a música. Eu recomendaria essa também”, finaliza.