Fernanda Torres pode estar cada vez mais perto de sentir o gostinho da vitória mais uma vez com ‘Ainda Estou Aqui‘. Isso porque o Oscar divulgou sua lista de indicados nesta quinta-feira (23) e o longa-metragem ganhou indicação a ‘Melhor Filme‘ e ‘Melhor Filme Estrangeiro‘. Além disso, a artista também recebeu a chance de ganhar a estatueta de ‘Melhor Atriz Principal‘. Vale lembrar que esta é a primeira vez que uma narrativa cinematográfica brasileira marca presença na categoria principal.
A filha de Fernanda Montenegro irá à premiação por ter representado Eunice Paiva. Sendo assim, resolvemos te contar um pouquinho de quem foi essa mulher que lutou contra a ditadura militar brasileira. Veja os detalhes abaixo:
Quem foi Eunice Paiva?
Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em 1929, em São Paulo. E, durante sua vida de solteira, foi destaque no vestibular do curso de Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, já que conquistou o primeiro lugar da lista de aprovados. Porém, esta não foi a única conquista importante. Isso porque, em 1947, conheceu Rubens Paiva, época em que mal sabia tudo o que iria acontecer em sua jornada.
Figura emblemática da Resistência
Quando o golpe militar aconteceu em 1964, Eunice Paiva já era esposa de Rubens, que era deputado federal na época. E, assim, o casal e seus cinco filhos passaram por uma tempestade que transformou sua rotina em casa, pois ele teve seus direitos cassados. Mais tarde, em 1971, agentes da repressão sequestraram o mesmo em casa, e a personagem de Fernanda Torres acabou passando doze dias em confinamento. Desta forma, e com o desaparecimento do companheiro, ela começou a procurar pela verdade incansavelmente.
Em busca pela verdade
Com o tempo, ela saiu perguntando sobre o ocorrido para autoridades, como o presidente Emílio Garrastazu Médici. Porém, tudo o que conseguia eram histórias inconclusivas e contraditórias. Até que, em 1996, conseguiu o atestado de óbito de Rubens, e, em 2012, descobriu um documento que mostrava a entrada dele no DOI-Codi – o que confirma o assassinato – mas nunca encontrou um corpo. Ademais, graças à ela, e outras ativistas, como Zuzu Angel e Inês Etienne Romeu, o Estado promulgou a Lei 9.140/95 e, assim, reconheceu, oficialmente, que as vítimas desaparecidas estavam mortas.
Outra mudança que teve na vida de Paiva foi que ela mudou de curso e formou-se em Direito, além de ter se especializado em direito indígena e sido consultora do Governo Federal, do Banco Mundial e da ONU. Infelizmente, ela também foi acometida pelo Alzheimer durante 14 anos, mais especificamente, até seu falecimento em 2018, quando tinha 86 anos.
Interpretação por Fernanda Torres
A trajetória de Eunice Paiva foi retratada no livro ‘Ainda Estou Aqui’ e inspirou Walter Salles a levá-la para as telonas. E não à toa a atuação de Fernanda Torres levou Globo de Ouro e, agora, a história está indicada ao Oscar em tantas categorias. A adaptação cinematográfica levou sete anos para ficar pronta. E, para você ver o resultado de perto, ainda pode correr para um cinema mais próximo, pois o filme ainda está em cartaz.