Um arquipélago localizado no Oceano Pacífico tem parte da população com uma característica física bem incomum: pele negra e cabelos loiros.
O arquipélago, localizado a leste de Papa Nova Guiné, na Oceania, consiste em mil ilhas habitadas por mais de meio milhão de melanésios. Os melanésios têm a pele mais escura do mundo fora da África, no entanto, estranhamente, cerca de um quarto dos habitantes ostenta cabelos afros loiros.
O loiro é mais comum em crianças do que em adultos, com o cabelo tendendo a escurecer conforme o indivíduo amadurece.
Essa rara característica da Melanésia confundiu cientistas e especialistas em genética por anos. Até agora, eles atribuíram o traço à herança – dos europeus, especialmente os britânicos, alemães e australianos, que estão associados à ilha há centenas de anos.
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Como a ciência explica o fenômeno
No entanto, um estudo recente publicano da Revista Science refuta a hipótese de que os cabelos loiros dos melaneses seja uma herança dos europeus. Uma equipe de cientistas liderados por Carlos Bustamante, geneticista da Stanford University School of Medicine, na Califórnia, compararam os genomas de 43 loiros e 42 morenos das Ilhas Salomão.
O estudo revelou que o cabelo loiro desta população estava fortemente associado a uma única mutação no gene TYRP1, que codifica uma enzima que influencia a pigmentação em camundongos e humanos. Depois de comparar o DNA de mais de 900 habitantes das Ilhas Salomão e 900 outras pessoas de 52 povos ao redor do mundo, eles constataram que provavelmente esta mutação é exclusiva da região oceânica que inclui a Melanésia, onde cerca de um quarto dos habitantes das Ilhas Salomão carregam o gene recessivo.
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Bustamante acredita que essa mutação pode ter surgido entre 5.000 e 30.000 anos atrás, no entanto, o estudo ainda não consegue explicar por que atingiu uma frequência tão alta nas Ilhas Salomão.
