Você sabia que a Ariel, de ‘A Pequena Sereia‘, deveria ter cabelos cacheados? Porém, a tecnologia da época não permitia, então, ela acabou ficando com os fios lisos mesmo. Apesar de curvaturas diferentes terem aparecido em outros personagens do universo da Disney, como Merida, Tiana, Joe Gardner, Moana e Miles Morales, ainda há alguns exemplos que não existem na prática, como o tipo 4C de cabelo. Porém, um estudo está prestes a mudar esta realidade. Confira:
Falta de fórmulas
Pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade de Yale foram os responsáveis pela descoberta dos algoritmos, que logo estarão disponíveis para o mundo todo. O foco foi o desenvolvimento do cabelo coily (cachos curtos e apertados em um padrão em ziguezague). “Mesmo com todos os estudos de computação gráfica feitos nos últimos 50 anos, nunca houve uma tentativa de criar esse tipo de fio”, disse o co-autor e professor de Ciência da Computação, Theodore Kim, ao jornal ‘The Guardian‘. Ele também explicou que o cenário se dá devido à falta de fórmulas para copiar o mesmo, então, alguns designers tentavam fazer o trabalho manualmente.
“Como deveríamos parecer? Como nós somos?”
Além dele, a outra responsável pela mudança do cenário é a idealizadora, professora e designer de personagens, AM Darke. Ela, primeiramente, deu um passo com a ferramenta ‘Biblioteca de Pesquisa Aberta de Cabelo Afro‘ (Osahl é a sigla em inglês). Lá, artistas negros criam os tipos de cabelos cacheados e crespos para que animadores possam comprá-los e assim, por sua vez, usá-los em seus projetos de animação. “Meu objetivo com esta alternativa era criar algo que não só era direcionado à representatividade, como dar espaço para criadores pretos poderem discutir sobre as representações e pensar: ‘Como deveríamos parecer? Como nós somos?'”, detalhou ao veículo britânico.
Mudanças necessárias
O sucesso foi tanto que marcas, como ‘Dove Beauty‘ e ‘Ulta‘, trabalharam em campanhas com a ajuda da profissional. Com o sucesso, e querendo ir além, a dupla decidiu criar algoritmos que animavam três atributos principais da textura do cabelo afro. São eles: aparência perto da raiz capilar, padrão e direção do cacho. E, ao explicá-los, durante a entrevista, a especialista chamou a atenção para a importância da presença das mulheres negras no mercado de computação gráfica. “Nós não as temos em abundância, e isso significa que também não temos cargos de revisoras para o trabalho dizendo: ‘Olha, isso é com o que o cabelo cacheado parece, isso é autêntico, esse é o padrão correto'”, enfatizou.
E finalizou: “Com tantas outras coisas, seja comida, música ou moda, quando você prioriza os aspectos pretos e as culturas pretas, abre um leque de opções na criatividade de todo mundo. A representatividade preta desenvolve muitas coisas culturalmente falando”.