Gabriel Medina e Filipe Toledo contam como manter a saúde mental no esporte; veja vídeo

Quem vê os atletas do surf nas competições, mal imagina o que se passa na cabeça dos dois jovens que se tornaram campeões mundiais; ambos já passaram por episódios de depressão e falaram sobre os desafios

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Gabriel Medina e Filipe Toledo relembram episódios de depressão e contam como fizeram para recuperar a saúde mental – Reprodução Instagram/@gabrielmedina

Quem vê Gabriel Medina e Filipe Toledo passeando pelas ondas com tanta alegria e leveza, mal imagina o que se passa na cabeça de dois jovens que se tornaram campeões mundiais. Ambos já passaram por episódios de depressão por motivos diferentes. E, em uma conversa, no evento de divulgação do Beyond The Club, em São Paulo, eles contaram como foi quando perceberam que já estavam no meio do furação, sem vontade de perseguir sonhos e saber por onde ir. Abaixo, você confere um pedaço do bate-papo:

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“Estava vivendo em vão”

Gabriel Medina, em 2022, viu as coisas perdendo sentido, mesmo tendo acabado de ser campeão mundial. “Eu me senti vivendo em vão, não queria aquela vida tanto assim. Então parei de competir para me cuidar”, relembrou. Com isso, decidiu ir atrás da sua melhor versão e reencontrar seu propósito. “Tentei buscar meus valores, criar rotinas e me juntei com as pessoas que eu gosto. Me aproximei mais de Deus, frequentei bastante a igreja. Viajei este ano, então fiz coisas para me reencontrar mesmo. Criei novas metas e objetivos”, detalhou.

“Muita oscilação”

Por causa das competições, a rotina dos atletas de surf nunca é a mesma. “É muita oscilação. Em um final de semana, você está ganhando o campeonato, no outro, está por baixo. Em um dia, perde o título, e na semana seguinte, está brigando para poder se manter na elite do surf mundial, do ranking. Nossa vida é lidar com derrotas e vitórias. Especialmente essas últimas, porque a gente deixa se deslumbrar demais”, disse Filipe Toledo, abrindo o coração.

E, segundo o campeão olímpico de Paris, este jeito de existir afeta a mente. “A cabeça é um troço muito louco, porque mexe bastante com a gente, ainda mais em competição. Viagem, vitória, derrota e todo mundo ainda tem os seus problemas familiares e diários, né?”, comentou.

E este foi justamente o gatilho para Toledo repensar seu olhar. “No nascimento dos meus filhos, eu não estava em casa, mas competindo. E foi onde eu parei para pensar. 2019 e 2020 foram dois anos em que eu estava bem mal, e foi quando eu entendi isso. Minha vida não é só o circuito mundial, buscar esse título. Eu tenho dois filhos saudáveis e lindos, e quero poder estar presente e cuidar deles, entregar o meu melhor para eles como pai, como marido, como filho, para os meus pais também, e como irmão”, contou.

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“Tentar ser a melhor versão”

Atualmente, o pai dos pequenos entendeu que a vida de competidor é feita de altos e baixos, mas o principal foco é se manter de olho no objetivo e tentar se tornar uma pessoa melhor. “No meu caso, um pai melhor, um filho melhor, são muitas áreas da vida que a gente acaba se preocupando, então é intenso. Eu fui tomando porrada e aprendendo. A gente sofre e passa por momentos difíceis, mas a gente ganha, aproveita, curte com a família e amigos. Nós somos seres humanos, temos que aproveitar também. Depois de muitos anos nessa batalha, eu organizei meus pensamentos e coloquei as minhas prioridades no papel. E foi aí que saíram meus títulos mundiais”, rememorou.

Para Gabriel, o processo foi passo a passo. “Eu fui fazendo e evoluindo, mas tive ajuda da minha psicóloga também. Tudo passa, o bom e o ruim. Eu sou prova disso. Hoje, estou muito feliz e na minha melhor fase mentalmente e profissionalmente. Me sinto leve e as coisas fazem sentido para mim. Tento aproveitar, ser competitivo, mas curtir com meus amigos de trabalho. Cada um está na sua e tem seus sonhos. Enquanto você estiver em um ambiente leve, as coisas vão acontecendo. O segredo é todo dia tentar ser sua melhor versão e ter um propósito para continuar vivendo”, concluiu.

 

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