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”Eu tenho vocação para felicidade”; psicóloga que vive o luto pela perda do marido e ainda sofre com um câncer tem história inspiradora

Leninha Wagner perdeu o marido e, uma semana depois, descobriu um câncer de intestino; hoje, ela compartilha a esperança que tem na vida

História de superação e resiliência de Leninha Wagner inspira e emociona – Divulgação

Força, amor à vida e fé. Essas características podem definir o momento em que vive Leninha Wagner. Uma semana após perder a pessoa com quem vivia há mais de 30 anos, a neuropsicóloga descobriu um câncer de intestino e teve que passar por diversas cirurgias. Hoje, ela compartilha resiliência, atrai esperança e relata sua história, mostrando que, em todo final de tempestade, há um céu dourado esperando por nós.

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A dor de perder quem se ama
“Meu marido era engenheiro e trabalhava com perícia. Em 2015, sofreu um acidente muito grave ao cair do quarto andar, em Ipanema (RJ). Ele teve uma série de microfraturas de crânio e coluna. Com o tratamento, ele recuperou, mas neurologicamente ficou muito comprometido”, conta. Entre 2015 e 2020, Leninha vinha cuidando do marido, com cuidados intensivos para ele ter a melhor condição de vida possível. 

O casal morava no Rio de Janeiro e, no ano passado, devido à pandemia, foi para Florianópolis, cidade onde mora a família de Leninha. E foi lá que tudo aconteceu. Receberam uma visita contaminada por covid-19 e também se contaminaram. Ela conta que conseguiu resistir bem aos sintomas e não teve muitos problemas. Porém, o marido desenvolveu encefalopatia, piorando sua situação neurológica.

A psicóloga relata que foram algumas semanas de internação até o dia em que perdeu o marido, dia 19 de dezembro. Leninha conta que ficaram dois meses juntos no hospital, em uma despedida tocante, mas bonita. 

“Que olhos lindos você tem; encharca o mundo e mais alguém. De brilho, até o sol se admirou! Você quer me namorar? Eu faço o mais bonito que puder. Não resisti, me apaixonei…”

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A música Desejo, de Adil Tiscatti, foi uma trilha sonora do casamento do casal e, segundo ela, esteve presente também nos últimos momentos com o marido. “Quando meu marido morreu, nasceu em mim outro formato. Ele partiu e eu fiquei, eu precisei reconfigurar a vida e nascer de novo com uma nova identidade”. 

 

A vida não espera por nós
Uma semana depois da perda, Leninha sofreu mais uma adversidade da vida: foi internada às pressas, com hemorragia intestinal. Descobriu um câncer no intestino e, desde então, luta contra essa doença com diversas cirurgias. Mas, segundo ela, naquele momento, o que mais a angustiava não era o câncer, e sim as lembranças que ele a remetia — já havia perdido uma irmã, há vinte anos, pela mesma enfermidade — e a falta incessante que sentia do marido, falecido há tão pouco tempo.

Apesar da perda, sempre há um lado bonito para se ver. É o que pensa e diz Leninha. Ela acredita que, mesmo tendo passado por tanto em tão pouco tempo, a vida deu um jeito de compensar da melhor maneira possível: com o afeto das pessoas. 

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“Aconteceram muitas coisas, foram muitas perdas, mas eu também lido com compensações. Eu tive manifestações da minha família e também de várias pessoas. Tinha lista para ficar comigo no hospital. Eu recebi muito esse reconhecimento, essa gratidão e isso me fortalece, me traz esse sentimento de pertencimento! Eu sou importante para alguém. A gente se conecta, estamos como se tivéssemos caminhando para uma grande corrente humana. Eventualmente, a gente vai precisar da ajuda de alguém”.

Leninha vem, ao mesmo tempo, lutando contra o câncer e compartilhando esperança nas pessoas. A neuropsicóloga explica seu otimismo em relação à doença e sua vontade de viver, dia após dia, com pequenas metas.

“Eu penso que de qualquer maneira e eu vou ser feliz, porque eu já sou. Eu vou viver com mini metas. Dia 19 de novembro eu vou viajar para o Rio de Janeiro receber minha homenagem da cidade como personalidade carioca pelos serviços prestados à saúde mental. Vou terminar o doutorado na LOGOS University International, UniLogos, aprender a tocar ukulele, estudar inglês e voltar a viajar”.

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A meta de vida de Leninha é simplesmente essa: ser feliz, com o agora, e sentir gratidão pelos momentos que viveu com as pessoas que ama. “Eu tenho vocação para felicidade” é a frase que a psicóloga repete e faz questão de explicar. Seu otimismo em relação ao tratamento do câncer vai muito além da cura da doença em si.

“No meu oceano, nenhuma gota a menos. Eu não aceito pouco da vida porque eu acho que eu mereço muito. Vou conseguir superar. Acredito que eu vou me curar sim, mas eu não estou numa batalha. Por que quem morre perde? Todo mundo está na vida para morrer. Eu tenho muitos assuntos inacabados aqui, muitos projetos de trabalho, muitas coisas para aprender e evoluir. Vai chegar o meu momento, mas, por qual motivo? Não sei”.

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O processo do luto: é necessário viver o momento
Leninha explica, também, sobre o processo do luto e a necessidade de se permitir, não pulando etapas e sofrendo no momento que deve ser vivido. Segundo ela, as pessoas precisam resgatar os momentos em que viveram com quem amaram para trazer as memórias dentro de si. Para passar por esse momento, os seres humanos precisam ter uma força egoica, ou seja, entender suas limitações, personalidades e respeitar o momento.

“Quando perdemos alguém que amamos muito e queríamos essa pessoa do nosso lado, nos revoltamos muito naquele momento e ficamos com raiva do mundo e da vida. É natural. Eu acolhi esse sentimento porque eu percebo que, quando a gente atravessa momentos de emoção muito negativa, a nossa alma se rasga, então, amplia para caber mais experiencia la dentro. Entrar em contato com a emoção negativa traz a dimensão da cura, porque você se olha e ressignifica”.

“A pessoa precisa sentir a dor, chorar com o luto, mas eu penso que carregar lembranças dentro de si, sem paralisa naquele momento e seguir com novos projetos de vida, Ressignificando e desenvolvendo gratidão. Quando você é grato a alguém, significa que você respeita, admira e tem troca de reciprocidade nessa relação”, completa.

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Neutralizar as dores e aproveitar o presente da vida 
Para além das adversidades da vida, a história de Leninha Wagner inspira. É óbvio que perder um familiar e ter um diagnóstico de câncer são intercorrências da vida que desestabilizam. Porém, a psicóloga ensina ser necessário neutralizar os sentimentos, além de não perder a esperança na vida. Independente disso, seguir firme e lutar pelo ideal é o que motivam.

“Apesar de tudo, não vou perder a minha alegria e não vou me desconfigurar da pessoa que eu sou. Não preciso de muito para ser feliz, quando eu acordo de manhã e eu vejo o céu, meus pacientes… eu sou feliz. Coisas ruins acontecem com pessoas boas. Eu não vou me deixar amargurar, porque vida não me deve nada, eu é que devo para a vida. Se tem um presente que a gente ganha, é o presente da vida. Desembrulhe e use!”, finaliza Leninha.