Engenheiros da USP criam novo exame de mama indolor e que atua por micro-ondas
O sistema de imageamento, que se assemelha a um sutiã e se molda às mamas, consegue detectar tumores com 1 cm de diâmetro e a 3 cm de profundidade

O sistema de imageamento, que se assemelha a um sutiã e se molda às mamas, consegue detectar tumores com 1 cm de diâmetro e a 3 cm de profundidade
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), se estima que, até o final de 2025, surjam 73.610 novos casos de câncer de mama. Esse tipo de tumor é o mais comum entre as mulheres, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil. Em contraposição, os exames, atualmente utilizados para sua detecção, apresentam baixa eficácia em casos de alta densidade mamária, além de causarem dor e oferecerem possíveis riscos à saúde. Como alternativa, pesquisadores brasileiros da Poli-USP desenvolveram um aparelho inovador que promete identificar a doença de forma indolor, por meio de micro-ondas.
Após atualizar os métodos atuais, os cientistas Poli-USP e do Departamento de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) propuseram substituir os aparelhos de mamografia que operam por Raios X por um novo sistema de imageamento. Esse modelo, que se assemelha a um sutiã e se molda às mamas, utiliza micro-ondas para localizar tumores com 1 cm de diâmetro e a 3 cm de profundidade.
De acordo com os profissionais, o dispositivo emite ondas de rádio de banda ultralarga, que ultrapassam o tecido mamário e retornam ao encontrar estruturas internas mais densas, como possíveis tumores. Assim, um sistema de algoritmo gera um mapa detalhado da região. Já a mamografia apresenta dificuldades em encontrar o câncer nos casos dos seios maiores.
“Quanto mais densa a mama, mais branca ela aparece na mamografia, dificultando a identificação dos nódulos, que também são brancos. Nessas situações, exames complementares, como ultrassonografia ou ressonância magnética, costumam ser recomendados”, explica o médico radiologista Almir Bitencourt, à ‘Revista Pesquisa‘.
No entanto, eles ressaltam que esse procedimento é mais eficiente para encontrar microcalcificações, pois detectam lesões menores de 1 cm. Por outro lado, apesar de terem menor precisão, as micro-ondas têm um menor custo e facilitariam o acesso ao método. “Mamógrafos que usam Raios X exigem ambientes blindados, enquanto a nova tecnologia não emite radiação ionizante, o que a torna mais segura e acessível”, ressaltou a engenheira eletricista, Fatima Salete Correra.
O novo sistema de imageamento, contudo, ainda está em fase de teste. Mas, em outros países, projetos semelhantes encontram-se em estágios mais avançados. Um exemplo é o aparelho desenvolvido na Universidade de Bristol, na Inglaterra. Segundo um artigo publicado no British Journal of Radiology, o exame conseguiu identificar corretamente 47% das lesões malignas. Além disso, nove em cada dez mulheres relataram mais conforto durante a avaliação médica.