Quem é que nunca olhou para a cara de uma criança, viu ela conversando fofinho daquele jeito, e quis entrar na onda? Pois bem, segundo o neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela, adultos não devem falar com os pequenos na linguagem deles. Entenda:
Influência dos adultos
Primeiramente, o especialista justifica a informação através da influência do comportamento de um adulto tem na mente infantil. “O cérebro infantil é altamente plástico, e os neurônios-espelho têm um papel essencial na aprendizagem. Assim, quando uma criança observa outra falando como bebê ou interage com um adulto que utiliza um vocabulário simplificado, seus neurônios-espelho replicam esse comportamento, consolidando-o como padrão”, explica.
Mais especificamente, o fenômeno está profundamente enraizado nos mecanismos cerebrais e genéticos. Desta forma, pode impactar as áreas cerebrais responsáveis pela produção e compreensão da fala, reduzindo a estimulação necessária para a formação de conexões neurais mais complexas.
“Genes, como o FOXP2, desempenham um papel crítico no desenvolvimento da linguagem. O BDNF, por sua vez, é essencial para a neuroplasticidade, e ambos são altamente responsivos ao ambiente. Estímulos inadequados, como a fala infantilizada, podem limitar a expressão dessas redes genéticas, afetando o desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças”, detalha.
Como evitar o problema?
O que pode parecer uma brincadeira inofensiva, como falar como bebê, pode, na verdade, interferir no desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças. Sendo assim, ele dá algumas dicas para evitar o impasse.
- Evite a fala infantilizada: “Converse com as crianças utilizando um vocabulário rico e uma estrutura clara de frases. Isso expõe o cérebro a padrões linguísticos adequados e ajuda a criar conexões cerebrais saudáveis”.
- Seja exemplo: “As crianças aprendem pelo exemplo. Se você utilizar a linguagem de forma correta, clara e objetiva, elas tenderão a replicar seus comportamentos”.
- Expanda o repertório: “Leitura em voz alta, músicas infantis com palavras complexas e conversas frequentes ajudam a expandir o repertório linguístico”.
- Interações sociais saudáveis: “Por fim, crianças que convivem com outras que utilizam a linguagem de forma apropriada são mais estimuladas a corrigir padrões inadequados”.