Telma Abrahão sobre ter filhos:”É preciso se reeducar para educar”

Nesta entrevista exclusiva, a especialista em Neurociência e Desenvolvimento Infantil fala sobre os desafios que os pais devem ter diante de si próprios para garantir uma infância saudável às crianças; confira

Telma-Abrahão
Telma Abrahão: “Primeiro, se reeducar para educar os filhos” – Divulgação

Telma Abrahão é, além de médica, mãe de um casal. Logo no início do nosso bate-papo, ela deixa claro que foi uma criança com inúmeros traumas. Antes de optar pela maternidade, precisou curar as próprias feridas para não perpetuar erros. “Quando a gente pensa em ter um filho a nossa prioridade deveria ser se reeducar para educar”, explica.

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Ela afirma que, quando se fala em trauma, não é algo pontual. Portanto, nem sempre é algo terrível ou um fato marcante. “Existe o trauma ‘invisível’, uma espécie de violência silenciosa que se repete. Por exemplo, os pais ignoram uma criança quando ela erra. Ou educam com base no medo, na ameaça. Isso deixa o sistema emocional em estado de alerta, de  luta e fuga. Assim, causa estresse e medo na vida adulta.”

Quando pergunto como estes adultos chegam ao consultório em busca de ajuda, ela explica que o primeiro sinal é a ansiedade.”A ameaça do medo, do abandono, da violência também traumatizam. Estes sentimentos causam danos no sistema nervoso. O que era pra ser ativado em momentos específicos acaba ficando em constante vigilância.”

Por fim, ela afirma que a criança que recebeu doses diárias de humilhação ou rejeição  se transforma no adulto que vive duvidando de si, que sente que nunca é suficiente, que se sabota sem perceber — mesmo quando tem tudo pra dar certo. “Isso não é falta de força. É o resultado de um sistema nervoso moldado pela ameaça, pela rejeição e pela falta de amor seguro. A neurociência já mostrou: traumas na infância impactam a arquitetura cerebral, enfraquecem a autorregulação emocional e sabotam a construção da autoestima.”

Telma Abrahão: “Quebrar padrões do passado é essencial para a cura”

No entanto, qual o primeiro passo? O que fazer para não repetir os erros de nossos pais? Perguntas como estas  são respondidas por Telma com a serenidade de quem já atravessou este caminho e, agora, dá as dicas para quem quer se curar. “Primeiro, tendo consciência”, afirma. Por fim, ela lembra que a ajuda profissional pode ser uma aliada nesta busca. “É importante revisitar a infância para entender o que aconteceu”, conclui a especialista.

 

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Editora-chefe das marcas Bons Fluidos, SportBuzz e Perfil Brasil. Acredita na Lei do Retorno e na (lenta) evolução do ser humano para um mundo melhor.