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“Um móvel com milhares de gavetas”: Filósofo explica o que é a ansiedade a partir de conceito único – Pixabay

A ansiedade, o medo e o pânico são conceitos singulares e complementares entre si. No entanto, em muitas das vezes, é difícil distinguir o significado de cada um e como eles entram e moldam as nossas vivências. O filósofo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu partilhou com a Bons Fluidos a sua perspectiva e explicação destes conceitos.

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“A ansiedade é como uma locomotiva que quanto mais acentuada, acrescenta vagões […]. Ansiedade é diferente do medo, mas o medo é o gatilho que a ativa. Ela te traz a sensação de perigo mesmo sem ter a ameaça por perto, se concentra numa ideologia futura, mas sem ações determinadas. Ela é a motivação para a ação.”, explica o filósofo.

Contudo, o nosso passado e aquilo que vivemos e deixamos nele podem ser também motivações fortes na ativação da nossa ansiedade. “A ansiedade também é a resposta para traumas que estejam escondidos do consciente, guardados no inconsciente. Por outro lado, podem ser pulsões, ações e reações predestinadas e não realizadas. Essa pendência ativa a ansiedade e armazena as ‘possíveis realizações’, ou seja, algo que deveria ter sido concluído e não o foi, assim como todos os tipos de pendências.”, conta Abreu.

Como diz o psicanalista, há em nós a necessidade de conclusão, de ver o término de tarefas. Neste momento, “a ansiedade é a necessidade de realização que ainda não encontrou desfecho. Ela atravessa todos os campos da arquitetura da mente, nasce na memória primitiva, é passada para o inconsciente, joga no inconsciente toda a pendência, nos chama a atenção no subconsciente e se instala no consciente.”, afirma o profissional.

Para tentarmos compreender melhor como a ansiedade nos pode afetar e como se desencadeia, Fabiano de Abreu nos deu um exemplo muito prático fazendo uma comparação muito fácil de entender: “Defino a ansiedade da seguinte maneira; imagine um móvel com milhares de gavetas. Vamos chamar esse armário de armazenador de pendências, de coisas que tenho que fazer e de acontecimentos que me desagradaram e não os resolvi. Há gavetas de traumas não resolvidos e de vontades e objetivos não realizados. Neste armário da pendência as gavetas podem ser abertas de acordo com os acontecimentos da vida”.

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Em seguida, ele continuou: “Cada gaveta pode representar um ponto em meio a nuances de um acontecimento, ou seja, caso aconteça algo no presente que arremeta a um trauma passado, este trauma resultou em várias gavetas. Cada uma delas é uma consequência diferente para este trauma. Quanto maior a quantidade de gavetas abertas, maior a ansiedade”.

“Então imagine que este trauma do passado foi tão grave, que as nuances das respostas traumáticas cabem em 10 gavetas. Quando acontece algo no presente que arremeta a este trauma passado, 10 gavetas da ansiedade e das chances traumáticas são abertas. Se o trauma coube em 3 gavetas por não ter sido tão grave, são 3 gavetas da ansiedade abertas. A potência da ansiedade está relacionada ao número de gavetas neste caso.”, completou.

Disse, por fim: “Já as gavetas dos pensamentos do que temos que fazer, das realizações que queremos alcançar e ainda não agimos para que fossem realizadas são moldáveis às vivências.  Se o medo, a turbulência do dia-a- dia causa um terremoto em meu quarto e as gavetas deste tipo de ansiedade se abrem, (supúnhamos 8), temos 8 potências de ansiedade que são abertas em simultâneo. Quanto maior a quantidade de gavetas, maior o estresse e isso fará abrir mais gavetas. O acumulado de situações leva a um ponto de  confusão mental e é neste momento que respiramos. Que é a primeira saída para controlar este terremoto, pois tomamos consciência da situação”.

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E como reverter esta situação? Segundo Fabiano de Abreu: “O que podemos fazer para amenizar a ansiedade e tirar proveito dela? Primeiro faça exercícios de respiração, sempre funciona. Em meio a tantas ideias e pensamentos, o medo de perdê-los pode levar ao estresse então, faça anotações com ordem de prioridade. Use o celular, ou caneta e papel, eu prefiro este último, pois incentiva a vencer a preguiça. Falando dela, é o que pode nos impedir de agir. Então, para vencer a preguiça, conte até três e faça. Logo estará usando a ansiedade para agir e assim ativando ainda mais ansiedade para logo concluir. Caso a ansiedade tenha levado a um estresse que o tire fora do eixo, busque o equilíbrio em meio a pensamentos positivos, busque a natureza, pois temos uma relação muito íntima com ela e esta energia poderá ajudar”.


Fabiano de Abreu é membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo com sede na Inglaterra conseguindo alcançar o maior QI registrado com 99 de percentil o que equivale em numeral a um QI acima de 180. Especialista em estudos da mente humana, é membro e sócio da CPAH – Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, com sede em Portugal e unidades no Brasil e na Holanda.

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