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Linchamento virtual: psicóloga explica que ‘cancelamentos’ podem deixar sequelas a longo prazo

Maria Rafart explica comportamentos em massa que encorajam internautas a promoverem onda de ataques virtuais 

Psicóloga explica como a cultura do cancelamento afeta a saúde mental dos “cancelados” – Pexels

Os linchamentos virtuais, popularmente conhecidos como ‘cancelamentos’, voltaram a ser assunto nas rodas de discussão, após a série de ataques que a cantora Luísa Sonza passou a receber por conta da morte prematura do filho de seu ex-marido, Whindersson Nunes. Ameaçada de morte e até taxada como ‘assassina’ por haters, Luísa precisou se afastar das redes sociais para conseguir cuidar de sua saúde mental.

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Mas os ataques à cantora não são de hoje. Luísa desenvolveu depressão por conta da onda de ofensas que vinha recebendo desde que se separou de Whindersson, no ano passado. Os xingamentos, em sua maioria, vêm de pessoas que acreditam piamente que ela tenha traído o ex com seu atual namorado, o cantor Vitão, embora Whindersson já tenha se pronunciado algumas vezes afirmando que o término nada tem a ver com traição.

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Para entender tal agressividade no comportamento das pessoas por trás das telas, a psicóloga Maria Rafart explica como funcionam ‘as reações em massa’ que encorajam internautas a promoverem essa brutal onda de ataques virtuais que tanto afetaram o psicológico de Sonza. 

A internet é palco de muitos linchamentos virtuais. Um internauta apoia o outro e juntos formam um movimento compacto. Os linchamentos de internet são chamados de ‘cancelamentos’, mas na realidade funcionam como se fossem a mesma massa que Freud estudou lá em 192, há exatos 100 anos. Em seu texto ‘Psicologia das Massas’, Freud estudou o comportamento humano em grupo. Como nos casos de torcidas em estádios, por exemplo. Chega um momento em que o ‘eu’ de cada pessoa se anula e esta pessoa passa a se comportar como a massa. As quebradeiras nos estádios que o digam. É como se houvesse uma espécie de anulação da própria vontade a serviço de algo bem maior. Alguém que nunca quebraria nada em sua casa de repente está colocando abaixo as grades de proteção do estádio”, explica a especialista, que ainda cita as consequências que os cancelamentos trazem à saúde mental.

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O medo é uma emoção protetiva. E é justo que todos tenhamos medo para nos proteger. Quando o medo é constante, passa a ser um sério elemento estressor. Ele pode causar o que chamamos popularmente de ‘estafa’, ou Síndrome de Burnout, que é uma espécie de curto-circuito emocional. A sensação de fragilidade aumenta perigosamente, a ansiedade pode se tornar generalizada e pode originar ataques de pânico. Numa escalada, a ansiedade pode criar uma pessoa retraída e com várias fobias”, explica.

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“O recolhimento de Luísa Sonza e seu afastamento das redes sociais (ela que, como artista, precisa das redes profissionalmente), sinaliza um evento psicológico desta dimensão. Certamente ela será atendida por profissionais da psicologia e da psiquiatria, e poderá reagir. Mesmo assim, podem restar sequelas a serem tratadas a longo prazo, como temor constante da opinião alheia e uma necessidade crescente de aprovação de terceiros”, avalia.

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