Geração nem-nem: como os pais são afetados com o comportamento desses jovens?

Com a falta de responsabilidade e de vontade para procurar emprego ou estudar, as pessoas que possuem este comportamento não afetam somente elas mesmas, mas também seus genitores; entenda

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Com a falta de procurar emprego ou estudar, a geração nem-nem não afeta somente a si, mas também seus pais e responsáveis; entenda – Canva/Anton Estrada

Em 2023, o Ministério do Trabalho e Emprego realizou um levantamento que mostrou que a geração nem-nem brasileira conta com mais de 4 milhões de pessoas, que têm entre 14 e 24 anos. E para falar sobre as consequências deste aumento e como ele acomete as pessoas, chamamos o psicólogo parental, Filipe Colombini. Confira:

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O que é a geração nem-nem?

A denominação se dá por causa do estilo de vida das pessoas inclusas nesta geração. Elas não estudam e nem trabalham. E diferente do que alguns podem pensar, ela não se caracteriza pela idade, pois podem ter 15, 18, 30 e até 40 anos de idade. “Tem a ver com os comportamentos que não foram desenvolvidos ou estimulados. Eles não seguem seus planos, objetivos, têm poucas habilidades para resolver problemas, tomar decisões e lidar com frustrações”, explica.

Consequentemente, os que são identificados como a geração nem-nem são dependentes financeiramente e emocionalmente. “São indivíduos que têm grande dificuldade de conquistar autonomia, independência, de traçar um planejamento de vida e que não conseguem quebrar vínculos com seus pais e caminhar por si próprios. Isso acaba dando um efeito em cadeia, pouca habilidade social, emocional, de execução, e de não só em relação a emprego, mas desenvolver relações, ter um lazer. Enfim, de fato, ter um equilíbrio nas áreas da vida. São pessoas que ficam avulsas, em um limbo social, tem muitas dificuldades psicológicas e emocionais”, detalha.

Genitores sofrem as consequências

Os pais e responsáveis são o público principal atingido por este comportamento, pois podem desenvolver problemas emocionais. “Muitos genitores estão em fase de aposentadoria e acabam tendo despesas com estes filhos, que já deveriam ser independentes. Tal fato acarreta problemas financeiros no lar e até mesmo os priva de ter uma velhice plena e saudável. A situação ainda gera ansiedade entre os genitores, que podem se deparar com pensamentos como ‘e se eu morrer, quem vai cuidar do meu filho?'”, afirma.

A situação pode mudar?

“Do ponto de vista dos pais, é extremamente desafiador viver com alguém que não vivencia as consequências dos seus próprios comportamentos”. Sendo assim, o melhor caminho é procurar por terapia, mais especificamente, segundo Colombini, o Acompanhamento Terapêutico“É uma das modalidades mais indicadas para situações envolvendo os jovens da geração nem-nem. Isso porque os psicólogos que atuam como AT’s desenvolvem um trabalho no ambiente da família, vivenciando as situações do dia a dia, além de realizarem treinamentos parentais”, inicia.

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E continua: “O AT vai atuar diretamente na rotina do jovem ou adulto, ajudando-o a desenvolver e ativar habilidades que o levem à ação, tanto a âmbito pessoal como profissional. Vale lembrar que, na medida em que o processo evolui, além de ir se descolando da dependência emocional com os pais, os indivíduos desenvolvem aspectos fundamentais da saúde mental, como autoconhecimento, autoestima e autoconfiança, tripé essencial para buscar propósito na vida”.

Ademais, não é incomum que parte desses jovens e adultos desenvolvam diversos transtornos. Por isso, o tratamento psiquiátrico deve acontecer junto com o Acompanhamento Terapêutico sempre que necessário.

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