Entre nomes da música, letras que falam sobre saúde mental conquistam atenção dos jovens
Segundo o especialista, a temática musical de uma geração segue de acordo com as transformações sociais e culturais que a mesma vive

Segundo o especialista, a temática musical de uma geração segue de acordo com as transformações sociais e culturais que a mesma vive
Entre esta sexta-feira e domingo (30), acontecerá o Lollapalooza, que reunirá diversos artistas do mundo da música, incluindo os que fazem o estilo chamado ‘Pop Deprê‘. Além dos relacionamentos, a saúde mental também é tema das canções de músicos que marcarão presença no festival, como Shawn Mendes, Olivia Rodrigo e Girl In Red. Mas por que o tema está tão em alta? Para entendermos o cenário, chamamos o psiquiatra, Dr. Gustavo Magalhães. Confira:
Segundo o especialista, a temática musical de uma geração segue de acordo com as transformações sociais e culturais que a mesma vive. E, desde 1998, a saúde mental tornou-se o foco das letras, pois os artistas passaram a se sentir mais livres para falar sobre a temática, já que, com o tempo, a sociedade também começou a discuti-la de maneira mais enfática. “É de suma importância que os artistas possam ter uma maior vulnerabilidade ao abordarem sentimentos pessoais através da música, já que isso gera um efeito catártico, tanto para eles, quanto para quem escuta”, opina.
E por que os jovens são o público que mais ouve essas composições? De acordo com o psiquiatra, existem três motivos. “Elas trazem experiências pessoais semelhantes, o que gera um fator de identificação; validam emoções que, muitas vezes, ficaram reprimidas e diminuem a sensação de isolamento. Dessa forma, os adolescentes criam uma conexão emocional com quem está cantando e normalizam temas que, antes, eram tabus”, explica.
Ademais, a adolescência é a etapa que alguém forma sua personalidade e identidade, passando por intensas mudanças emocionais. Então a canção pode estimular o desenvolvimento do cérebro e fortalecer a saúde emocional através do estímulo sensorial. Porém, é necessário cuidado. “A necessidade do equilíbrio é necessária, especialmente, entre a expressão artística e a promoção de mensagens de esperança e superação. A exposição prolongada à músicas com temas depressivos pode reforçar também padrões negativos de pensamento em indivíduos vulneráveis”, enfatiza, ressaltando também que, caso alguém tenha sintomas que combinem com os transtornos mentais, o melhor a se fazer é procurar por ajuda psicológica.
Sendo assim, é por isso que festivais de música, como o Lollapalooza, escolhem artistas que abordam a saúde mental. “O que temos notado é que as gerações mais novas estão relatando altos níveis de estresse e problemas de saúde mental. E os grandes eventos refletem as tendências culturais e sociais. Então o line-up reforça a importância da música como ferramenta de transformação social, criando um fenômeno de contágio emocional, no qual os sentimentos compartilhados podem influenciar coletivamente o bem-estar do público”, conclui.