Entenda a importância de falar sobre as redes sociais com crianças e adolescentes

Em meio a um século com muitos casos de ansiedade e de depressão, o conteúdo das pessoas na internet pode despertar gatilho nos mais jovens

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Crianças e adolescentes podem se perder em meio às redes sociais, veja dicas para ajudá-las – Canva Equipes/Jacob Lund

As redes sociais e as vidas aparentemente perfeitas acabam confundindo a cabeça das crianças e adolescentes, fazendo com que muitas desenvolvam ansiedade e depressão. Segundo a psicanalista Carla Brandão, os casos destas doenças mentais e de suicídio só tendem a aumentar em pouco tempo. “O excesso de passado traz a depressão, o de futuro resulta na ansiedade. As crianças não estão sabendo lidar com as próprias emoções, não sabem explicar o que estão sentindo. Muito menos os jovens com aquela bomba de hormônios que chega no corpo deles”, afirma. Sendo assim, será que há formas de protegê-los? A especialista diz que sim. Confira:

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Nada como uma conversa

Atualmente, é quase impossível retirar as telas das crianças e dos adolescentes. “Primeiro que os pais teriam que dar o exemplo, e também não irão fazê-lo. Ela vai ver os familiares com os celulares nas mãos e também vão querer. Então vale um papo”, aconselha. Dependendo da idade, ela já vai entender alguns conceitos básicos se o adulto explicar de uma forma compreensível.

“Converse mesmo com os pequenos. Explique que as redes sociais são um portal para muitas cozinhas e ressalte que a grama do vizinho não é melhor que a dela, porque ela não terá essa noção. Fale assim: ‘O que está mostrando lá é uma fatia da realidade. A sua pode ser muito melhor. Fizemos tal coisa no final de semana. Você foi à casa da vovó, e isso é muito maravilhoso. Isso aqui só serve para você publicar uma foto bonita com sua bota rosa nova’. Mas não dá para achar que a criança vai saber isso sozinha, tem que ensinar. Ela não tem recursos para entender”, chama atenção.

De olho no comportamento

De acordo com Brandão, o comportamento humano entrega o que a pessoa está pensando. Então se os pais ou responsáveis notarem algo diferente, vale ficar de olho. “Através de uma conversa ou de um desenho, é possível identificar que tem alguma coisa errada, pois ela não vai saber explicar o que está sentindo”, indica.

Você não é todo mundo

É raro conhecer alguém que nunca ouviu essa frase da boca da mãe, e a psicanalista aponta que ela é, sim, necessária. “Às vezes, vale falar de uma outra forma para que a criança entenda, porque as coisas evoluíram. Diga:’Você não é todo mundo, você é especial, está escrevendo sua história. Não precisa usar a roupa ou o cabelo da moda’. Porém, se colocar, ela deve assumir também. Vale ser quem você quer ser, mas desde que você tenha entendimento do que isso representa. E um pai, uma mãe, um familiar, um avô, uma avó, uma tia, um tio, um professor, uma professora, um educador, podem ajudar a validar isso na cabeça de um adolescente”, atesta.

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Cuidado com a saúde mental

Para ter saúde mental, é necessário dizer o que sente. Com isso, por fim, Brandão diz para procurar por ajuda de quem entende. “Há vários hospitais públicos em alguns lugares do Brasil que oferecem programas de incentivo para este tipo de trabalho. E, para quem tem recursos, a terapia também é muito saudável. Assim, a criança pode explanar o que ela sente e ressignificar os sentimentos para viver o agora, para viver o hoje, viver consciente de que ela é muito maravilhosa”, conclui.