Crianças e adolescentes estão comprando perfumes caros

Assim como as crianças que passaram a adorar produtos de skincare, a nova tendência é que elas, pré-adolescentes e adolescentes estão comprando perfumes caros, que custam em torno de 300 e 500 dólares. Mas por que um público tão jovem deseja possuir tais produtos? Para entender melhor, pedimos para o psiquiatra e psicoterapeuta Dr. Wimer Bottura, explicar o fenômeno.

Manipulação dos desejos

Segundo o especialista, os perfumes e os produtos de cuidado com a pele tomaram o lugar que antes já foi de bonecas e bichinhos virtuais, por exemplo. “São produtos que acabam manipulando as pessoas de alguma forma. Seja porque são um símbolo de êxito, superioridade e, em alguns casos, até de crescimento. Evidentemente, há um glamour colocado nessas questões”, define. A criança e o adolescente, por sua vez, acabam caindo nas armadilhas do momento, já que possuem inseguranças e são imaturos. Possivelmente, os reflexos de uma relação familiar complicada também podem ser a causa deste comportamento.

O que antes era presenciado através de propagandas entre os desenhos animados, hoje, são os influenciadores digitais que estão tomando conta das telas. No caso do desejo pelos perfumes, por trás deles, está um homem de 35 anos, que possui 9 milhões de seguidores, conhecido como Jeremy Fragrance. Segundo a repórter do jornal ‘The New York Times’, Callie Holtermann, – que fez uma matéria com o tema – meninos jovens acompanham os vídeos dele e o idolatram. “Ele mostra seus relógios de grife, carros de marca e fala sobre a importância de ter objetos como esses. Dessa forma, as colônias podem fazer o rapaz parecer mais masculino e maduro para as pessoas à sua volta”, conta ao site Marketplace.

Cópia de modelos

Bottura afirma que esses fenômenos são eventos de massa e conhecidos como mimetismo humano. “Se as mídias sociais ou a televisão mostram que aquelas pessoas com aquele produto conquistaram um certo sucesso, quem está assistindo acaba desejando o mesmo. Esses seres humanos acabam tendo dificuldade na sua identidade, na afirmação de vida. Estando assim, sujeitos a seguirem modelos. E isso também acontece com crianças e adolescentes”, aponta.

O que os pais podem fazer?

Mas o que os pais podem fazer para que os filhos não caiam na tentação? O psiquiatra afirma que a resposta é cuidar da qualidade da relação. “As crianças têm que entender que o ser é mais importante do que o parecer ser. E isso são os pais que têm que ensinar, em vez de ficarem dando a entender que ter certos produtos significa ter êxito e ser realizado. Hoje, vivemos em uma sociedade em que o parecer ser vale muito mais do que o ser, e os responsáveis têm que entender e mostrar o que é realmente essencial na vida”, conclui.