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Positividade tóxica: o desafio de lidar com a constante repressão do sofrimento

Na coluna desta semana, Marina Repetto pontuou que “uma das chaves do autoconhecimento é a aceitação das suas fraquezas e imperfeições”

“Uma das chaves do autoconhecimento é a aceitação das suas fraquezas e imperfeições” – Marina Repetto – Freepik/ wayhomestudio

Você já passou por alguma situação difícil e acabou ouvindo do outro: “Pense pelo lado positivo” ou “Poderia ser ainda pior”? Tudo isso e nenhuma palavra de apoio. Em situações adversas, precisamos de carinho e palavras reconfortantes, não apenas frases prontas de como ser mais feliz diante de todas as barreiras.

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Acreditar ser possível estar sempre alegre com toda a situação da pandemia é, no mínimo, irreal. Além disso, também temos os nossos próprios conflitos internos. Mas, o lema que prega o otimismo em todas as situações como forma de enfrentar adversidades também pode trazer graves consequências à nossa vida. Não podemos pensar que a negação da tristeza e de outras emoções consideradas negativas será um sinônimo de felicidade plena.

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Quando acreditamos nessas afirmações de positividade contínua e que a felicidade é uma obrigação, passamos a deixar de lado outras emoções tão importantes como ela. Nós precisamos sentir medo, raiva ou tristeza, emoções que, apesar de desconfortáveis, fazem parte de nós. O nosso dever é saber trabalhar esses sentimentos e buscar uma evolução a partir deles. Não vamos estar felizes o tempo todo, e esse entendimento muda tudo. É normal alguns dias estarmos de saco cheio e mau-humor, mas isso não te faz uma pessoa pior

Pode até parecer clichê, mas todas as emoções que reprimimos são somatizadas, expressas através do corpo, muitas vezes na forma de doença. A vida é um grande ciclo e a frase “Nada se perde, tudo se transforma” é exatamente o que acontece com os sentimentos negativos. Quando negamos uma emoção, ela encontrará uma forma alternativa de se expressar.

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Então, não adianta fingir que está bem. Seja para você mesmo ou para as pessoas que estão ao seu redor. O melhor jeito de lidar com as frustrações, a raiva e todas as outras emoções que geram desconforto é senti-las de verdade. Claro que cada um sente do seu jeito no coração, mas todos precisam sentir.

Só é possível mudar aquilo que interiormente aceitamos. É por isso que a ressignificação é tão importante. As dificuldades que enfrentamos não definem quem somos, mas nos convidam a mudar a nossa percepção do mundo. Para isso, é necessário usar os nossos desafios ao nosso favor, transformando o sofrimento em entendimento. Todas as situações trazem uma grande oportunidade de expansão e conspiram para que haja um profundo despertar dentro de cada um.

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Eu mesma trabalho com as redes sociais e sou um canal para auxiliar outras pessoas na busca pelo autoconhecimento. Gosto de mostrar a vida real e a certeza de que viver em paz não significa não ter conflitos. O que muda é a maneira como lidamos com eles.

Muita gente pergunta se eu fico brava… É aí vejo que precisamos urgentemente quebrar esses paradigmas.

Não quero criar uma ilusão e uma busca por uma vida perfeita. Falo constantemente que as provações fazem parte da vida e que quanto mais consciente nos tornamos, melhores lidamos com o sofrimento, mas a verdade é que ninguém passa ileso, em um grande oceano todos enfrentamos muitas ondas.

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Ao mesmo tempo, a internet é um local que propicia acreditarmos que a vida perfeita existe e essa vida é sempre a do outro. Fazemos comparações e nos frustramos, mas esquecemos que comparamos os nossos bastidores com o palco das outras pessoas. Cada um só mostra o que quer e é preciso discernimento para compreendermos que além do que vemos existem muitas coisas que não sabemos nada a respeito.

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Não sabemos o que passa do lado de dentro de alguém, às vezes, nem nós mesmos sabemos o que acontece internamente conosco. O que sabemos é que ao ignorar esses sentimentos, passamos a ter dificuldade de acessá-los, até o ponto que eles se tornam grandes bloqueios para a compreensão dos fatos. Muitas vezes escondemos nossa dor de nós mesmos para não precisar lidar com ela, mas esquecemos que tudo que é reprimido será distorcido. Por mais difícil que seja a realidade, a única maneira saudável de encará-la é aceitá-la do jeito que ela é.

Uma das chaves do autoconhecimento é a aceitação das suas fraquezas e imperfeições. São por elas que a luz pode entrar.

A positividade saudável está em criar uma nova percepção da realidade, através da conexão com o momento presente. Precisamos aprender a olhar as coisas como são e não como nós somos. Essa transparência fará com que entendamos que estamos onde precisamos estar em cada momento. Nossos sentimentos nos trazem uma mensagem e a cada vez que acolhemos, aprendemos com ele.

O meu convite é para que você se permita sentir e lembre-se que o que existe no seu coração nunca está errado!


Muito tem se falado sobre a importância do autoconhecimento… Mas como chegamos a ele? A essa resposta que Marina Repetto, nutricionista (do corpo e da alma) e especialista em Ho’oponopono, nos guiará em sua mais nova coluna aqui na Bons Fluidos Digital todas as sextas-feiras, às 12h.