É natural que o retorno às aulas traga expectativas, desafios e novas rotinas para crianças e adolescentes. Mas, para os estudantes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), esse momento pode ser particularmente mais desafiador. Pois não reconhecer sinais importantes que podem alertar para essa questão, pode levar à dificuldades acadêmicas, emocionais e sociais ao longo de toda a vida e carreira destas pessoas.
O que é o TDAH?
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta cerca de 5% das crianças em idade escolar. Ele se manifesta, principalmente, por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esses mesmos sinais podem interferir na capacidade de seguir regras, completar tarefas e manter relações saudáveis com colegas. No contexto escolar, os sintomas frequentemente se destacam e, sem um suporte adequado, podem comprometer o desempenho acadêmico e a autoestima do estudante.
Os primeiros sinais do TDAH na escola
Neste recomeço das aulas, os professores ainda estão em fase de reconhecer os alunos. Então é comum que percebam dificuldades maiores nas primeiras semanas de aula, quando a rotina escolar exige concentração e organização. Mas, são alguns sinais que podem indicar a presença de TDAH.
Eu quero chamar a atenção para a desatenção persistente. Mais especificamente, a dificuldade em manter o foco em atividades escolares, como leitura ou resolução de exercícios. Um exemplo também é aquele aluno mais impulsivo, que responde antes da pergunta ser concluída ou interrompe os colegas e, assim, tem dificuldade de esperar sua vez.
O alerta ainda vale para crianças mais inquietas, que querem se levantar o tempo todo ou ficam sempre buscando algo para mexer ao redor. Claro que nem tudo é TDAH. Alguns sintomas se confundem com sinais naturais do desenvolvimento infantil. O ideal é estarmos atentos e, caso haja a suspeita, buscarmos ajuda de um especialista.
Observação em casa
A escola é um ambiente crucial para identificar e ajudar crianças com TDAH, mas é importante que o comportamento também seja observado em casa, pelos pais e cuidadores. Em tempos de tanto excesso de informações e telas, o diagnóstico precisa ser certeiro já que há tratamento e estratégias eficazes que ajudam no processo.
O que fazer?
Crianças com TDAH precisam ter uma rotina previsível e de instruções claras. Não adianta solicitar várias tarefas ao mesmo tempo. Ainda é importante realizar o reforço positivo através de elogios em pequenas conquistas. Para isso, vale tentar criar um ambiente com menos distrações possíveis que possam tirar o foco e ainda incorporar momentos curtos de pausa entre atividades.
Entender que o TDAH não é um limite, mas um desafio superável, com as intervenções adequadas, crianças diagnosticadas podem desenvolver o potencial e construir trajetórias acadêmicas e emocionais bem-sucedidas. O mais importante é não hesitar em buscar a ajuda de um especialista. O diagnóstico adequado pode transformar vidas e esse início de ano letivo é uma excelente oportunidade para prestar atenção nos sinais.
Sobre a autora:
Jéssica Martani é médica psiquiatra, especialista em TDAH e saúde mental, e coordenadora da pós-graduação reconhecida pelo Instituto TDAH e Universidade Anhanguera saiba mais @dra.jessicamartani.