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Depressão: Brasil é o 5º país com maior índice

A depressão refratária, também conhecida como depressão difícil de tratar, ocorre quando o diagnóstico de depressão está correto e já foram feitas várias tentativas de tratamento com medicamentos

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Saiba o que é depressão refratária e como tratá-la – Pexels/cottonbro

A depressão é uma condição médica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e o Brasil ocupa a 5ª posição entre os países com maior número de casos.

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Segundo dados do Instituto IPSOS, os brasileiros levam em média três anos para buscar ajuda. Mas, o que acontece quando a pessoa já procurou ajuda, tomou diversos remédios, consultou vários psiquiatras e mesmo assim não melhora?

A depressão refratária, também conhecida como depressão difícil de tratar, ocorre quando o diagnóstico de depressão está correto e já foram feitas várias tentativas de tratamento com medicamentos, pelo tempo correto (em média 8 semanas) e nas doses corretas, utilizando-se mais de uma classe de antidepressivos. Não é incomum a pessoa utilizar mais de três ou quatro medicamentos, incluindo antidepressivos e estabilizadores de humor e ainda assim não apresentar melhora significativa.

Ainda sabemos pouco sobre a prevalência exata da depressão refratária, mas estima-se que entre 10% e 30% das pessoas com depressão possam apresentar resistência ao tratamento. O grande problema é que, além da demora em buscar ajuda, a depressão resistente é difícil de perceber, pois os antidepressivos já demoram a fazer efeito. Isso faz com que o paciente frequentemente adicione vários medicamentos, desanime e mude de médico diversas vezes, dificultando ainda mais o tratamento.

Felizmente, a pesquisa científica tem explorado várias abordagens inovadoras para tratar a depressão refratária, baseadas em evidências robustas. Mas, antes de abordar os tratamentos inovadores, é importante descartar primeiro as causas mais comuns da depressão não estar melhorando e as razões comuns para a falha no tratamento da depressão. São elas:

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Desistência da medicação antes do tempo correto já que as medicações demoram para fazer efeito e, muitas vezes, por impaciência, o paciente desiste;

Ajuste incorreto da medicação, pois muitas vezes, é necessária uma dose maior daquela medicação ou até mesmo a junção de outra medicação. Isso leva tempo e exige paciência. É necessário que o médico observe e ajuste as doses adequadas;

Troca frequente do médico que, pelo paciente não compreender que não é normal a medicação demorar a agir, acaba trocando diversas vezes de profissional, o que pode atrasar ainda mais a melhora;

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Diagnóstico incorreto. Muitas vezes, o problema não é depressão, mas sim questões hormonais, vitamínicas, infecciosas, entre outras. É importante que o médico faça exames para verificar a saúde geral do paciente e confirmar o diagnóstico;

Dependência exclusiva da medicação já que o remédio é apenas um caminho, mas os passos precisam ser dados pelo paciente. É crucial ajustar o ciclo sono-vigília, alimentação, hábitos de vida, exercícios físicos, diversão e, o mais importante, fazer psicoterapia;

Tolerância às medicações, já que são classificadas como metabolizadores lentos ou rápidos. Essas pessoas podem precisar de doses acima da bula ou trocar de substância. Por isso que alguns testes farmacogenômicos podem ajudar nesses casos;

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Traços de personalidade também podem dificultar a manutenção do tratamento e a percepção de si mesmo. Sem ferramentas específicas para lidar com esses traços, a pessoa pode se autossabotar e permanecer em um ciclo contínuo de adoecimento.

Felizmente, a ciência tem avançado muito, trazendo novas esperanças para aqueles que enfrentam a depressão. Diversos estudos têm mostrado novos instrumentos e é necessário que os médicos pensem fora da caixa!

Hoje, sabemos que a depressão pode ter diversos mecanismos, desde alterações nos neurotransmissores e nas conexões sinápticas até o aumento de citocinas inflamatórias. Entre os principais tratamentos vale destacar alguns, como:

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Farmacogenômica: É a realização de testes genéticos para entender melhor o tipo de metabolização e com isso entender qual o melhor remédio para aquela pessoa. Isso envolve o uso de testes genéticos para personalizar tratamentos medicamentosos.

Cetamina e Esquetamina: A cetamina, sintetizada em 1962 por Calvin Lee Stevens, é um anestésico que tem mostrado efeitos antidepressivos rápidos em doses subanestésicas. Seu mecanismo de ação envolve a modulação do sistema glutamatérgico e o interessante, dentre as diversas indicações, são os pacientes com ideação suicida. Neste caso a melhora é observada rapidamente. Conversei com o Dr. Tiago Gil, médico anestesista e diretor do Centro de Cetamina, que afirmou: “A cetamina endovenosa mostrou eficácia em 30% das pessoas após a primeira aplicação e em 70% ao término de 6 aplicações. Já a cetamina em spray nasal demonstrou um resultado positivo em 36% das pessoas ao final de 8 aplicações. Vale ressaltar que, no contexto de pensamentos suicidas, o spray nasal não apresentou tantos resultados significativos, enquanto a cetamina endovenosa comprovou uma eficácia de até 80% de resolução ao término da primeira fase de tratamento, composta por 6 aplicações”. O texto completo com essas informações estão aqui para quem quiser se aprofundar ainda mais: https://brazilhealth.com/artigo-422-depressao-e-solidao-dr-tiago-gil

Estimulação Magnética Transcraniana (EMT),este tipo de intervenção é interessante por ser uma técnica não invasiva que utiliza campos magnéticos para estimular células nervosas no cérebro e esse estímulo pode ajudar em pacientes com depressão resistente.

Terapia Electroconvulsiva (ECT): É uma técnica bem antiga que por ter sido utilizada como forma de inadequada por muito tempo, ocasionou grande medo e preconceito, porém de acordo com as diretrizes, ainda é um dos tratamentos padrões de ouro em relação a depressão refratária, seu mecanismo de ação compreende indução de pequenas convulsões no cérebro, as sessões devem ser feitas em ambiente hospitalar com anestesia, tais estímulos são capazes de melhorar os sintomas depressivos

Neuromodulação: É uma técnica relativamente nova, envolve a aplicação de uma corrente elétrica leve ao cérebro, e estudos sugerem que pode ajudar a aliviar sintomas depressivos com poucos efeitos colaterais, ainda são necessários mais estudos, mas é uma técnica promissora.

A depressão refratária ainda é um desafio tanto para os médicos quanto para o paciente que sofre com a doença. Além do tratamento farmacológico, a recomendação é que a pessoa realize também psicoterapia para aprender a lidar com comportamentos e pensamentos negativos, bem como traços de personalidade mal adaptativos.

Não podemos esquecer que para sair da depressão é necessária uma construção de na qual cada tijolinho é formado por melhores hábitos de vida, rede de apoio presente, boa alimentação, psicoterapia, dentre outros. O que não podemos é deixar a depressão vencer, pois temos diversos novos caminhos em direção a melhora dos sintomas!

Prática de exercícios físicos meditação e atividades que proporciona em bem-estar são muito importantes para a efetividade do tratamento bem como uma alimentação saudável.

Busque ajuda e ajude quem está próximo a você, pois existe sim uma saída contra a depressão.