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Malhação e memória: a prática de exercícios físicos pode melhorar, e muito, seu desempenho intelectual

Na coluna desta semana, Jamar Tejada falou sobre os benefícios da prática de exercícios físicos, que vai muito além da perda de gordura e ganho muscular

Entenda a importância da atividade física para o desempenho da mente – Unsplash/ Jonathan Borba

Eu nunca fui apaixonado por exercícios físicos, mas há alguns anos eles começaram a fazer parte da minha rotina, a ponto de que no dia que não me exercito parece que estou fazendo algo errado, que está faltando alguma coisa. Mais do que meu corpo, minha cabeça pede!

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Você já percebeu que quando se exercita você começa a desenvolver muito mais sua atenção e raciocínio? Não se trata de achismo, são evidências científicas que demonstram que a prática regular de exercícios físicos também está associada a uma melhora da função cerebral e em efeitos benéficos sobre a cognição, além de atenuar a queda da cognição associada ao envelhecimento e contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas.

Malhe e fique esperto!

Todos os movimentos que realizamos naturalmente no dia a dia são considerados atividades físicas, até mesmo o “pensar” não deixa de ser uma atividade física, você está queimando calorias.

A leitura, por exemplo, não deve ser mais do que um exercício para nos obrigar a pensar! Os exercícios físicos, por sua vez, podem ser definidos como atividades físicas realizadas durante um determinado tempo e com objetivos específicos, seja para manter a saúde, ou com fins estéticos ou apenas para lazer e recreação.

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Além do aumento da taxa metabólica e do gasto energético, os exercícios físicos também proporcionam maior aptidão física ao organismo melhorando a estrutura muscular, a flexibilidade e o equilíbrio.

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Os exercícios físicos podem ser classificados como aeróbicos, que são aqueles de duração prolongada e intensidade baixa a moderada, como caminhadas, corridas e pedaladas ou anaeróbicos, que são aqueles de curta duração e alta intensidade incluindo exercícios de velocidade, força e resistência com ou sem peso, como natação, saltos, arremessos e musculação, nos quais a produção de energia nos músculos independe do uso do oxigênio de acordo com a fonte energética utilizada pelo organismo durante a sua realização, o que está diretamente relacionado à natureza, intensidade e duração do exercício.

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Durante exercícios físicos aeróbicos o oxigênio inalado através da respiração é utilizado pelo organismo para a produção de energia, principalmente a partir da quebra de moléculas de glicose e gordura, o que chamamos de gasto energético. Já os exercícios físicos aeróbicos estão mais associados à melhora da capacidade cardiorrespiratória. 

Os exercícios físicos anaeróbicos envolvem um esforço intenso e localizado em alguns músculos, resultando em aumento do tônus, resistência e desempenho muscular. Eu mesmo, não curto os exercícios do tipo aeróbicos, mas tudo é adaptação!

Estamos carecas de saber que a prática regular de exercícios físicos além de auxiliar no gerenciamento do peso corporal, diminui o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e proporciona uma sensação de bem-estar físico e mental e, nos últimos anos tem sido demonstrado que a prática também exerce um impacto positivo sobre a função cognitiva e melhora o processamento e armazenamento de memórias.

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Estes efeitos, por sua vez, parecem estar associados à melhora da circulação sanguínea e da oxigenação em regiões cerebrais importantes para a manutenção de memórias como o hipocampo, bem como a ativação de diferentes vias de neurotransmissão e neuromodulação. Como consequência, é observado um aumento do número (neurogênese) e da função das células (plasticidade sináptica) do sistema nervoso central.

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Você pensa que para ter resultados na memória precisa malhar todos os dias?

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Estudos têm demonstrado que mesmo uma única sessão de exercício físico aeróbico de intensidade moderada já é capaz de exercer efeitos benéficos no armazenamento de memórias. Um estudo clínico conduzido recentemente com 72 indivíduos (homens e mulheres, com idade entre 18 e 28 anos) demonstrou que pedalar em uma bicicleta ergométrica por cerca de meia hora pode melhorar a retenção e a recuperação de uma memória associativa por pelo menos 48 horas. Vai ver que é por isso que vejo tanta gente lendo enquanto usa a ergométrica! Bora pedalar?

Olha que bacana! Nesse estudo os participantes receberam a tarefa de associar imagens de locais a endereços, depois de 40 minutos observando e memorizando as associações de imagem e localização, eles foram divididos aleatoriamente em três grupos: um grupo pedalou em uma bicicleta ergométrica durante 35 minutos imediatamente após a tarefa (a uma intensidade de até 80% de sua frequência cardíaca máxima), outro grupo realizou este mesmo exercício quatro horas depois da tarefa, enquanto que o terceiro grupo não fez nenhum exercício físico.

Quarenta e oito horas mais tarde, estes voluntários retornaram ao laboratório e foram submetidos a um teste no qual tinham que apontar a imagem correspondente a cada endereço, com a finalidade de avaliar a retenção das informações previamente aprendidas (ou seja, a formação destas memórias). 

Durante o teste, os indivíduos que haviam se exercitado quatro horas após a tarefa de memorização apresentaram uma taxa de acerto significativamente maior das associações entre imagens e endereços. Além disso, também foi observado que, ao responder cada pergunta corretamente, estes indivíduos também apresentavam uma maior ativação do hipocampo, região cerebral importante para a aprendizagem e a formação de memórias associativas.

Ainda, embora não tenham sido mensurados os níveis plasmáticos e cerebrais de neurotransmissores ou outras substâncias relacionadas à plasticidade sináptica, os cientistas acreditam que a atividade aeróbica promova a síntese e liberação destas substâncias químicas no organismo, contribuindo para a formação de memórias.

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Entretanto, mais estudos precisam ser realizados para investigar a janela temporal exata durante a prática de exercícios físicos, e qual é eficaz em promover a melhora na retenção de memórias – já que os indivíduos que realizaram o exercício físico imediatamente após a sessão de memorização não apresentaram os mesmos benefícios. Adicionalmente, é preciso investigar a influência do sono no armazenamento desta memória, uma vez que a sessão de teste foi realizada 48 horas mais tarde, e não no mesmo dia em que o exercício físico foi realizado.

Está aí mais uma comprovação de que a prática física vai bem além da perda de gordura e ganho muscular, podemos, aliás, devemos, nos exercitar como uma estratégia para otimizar o aprendizado bem como para diminuir o prejuízo cognitivo nas doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer, assim como estímulo ao antienvelhecimento cerebral!

Vale lembrar que a melhor maneira de iniciar a prática de um exercício físico e torná-lo um hábito, escolher aquele que mais se adapta ao seu ritmo e acima de tudo ao seu gosto. Se o vigor físico é bom, o vigor intelectual melhor ainda e se podemos ter os dois juntos numa simples caminhada, tá fazendo o que sentado aí lendo esse artigo? O estudo completo pode ser acessado através deste link.

JAMAR TEJADA


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