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Leite: mocinho ou bandido? Descubra o lado bom e ruim do consumo deste alimento

Na coluna desta semana, Jamar Tejada apresentou as principais características que tornam o leite um alimento contraindicado para alguns e benéfico para o bom funcionamento do organismo em outros

O colunista da Bons Fluidos Jamar Tejada explicou de forma detalhada os benefícios e malefícios do leite para a nossa saúde – Freepik

O leite talvez seja o alimento mais duvidoso em relação à nossa saúde, seja mocinho ou seja bandido, raro quem resista, ainda mais nesse friozinho a uma xícara de chocolate quente. Eu fui uma dessas crianças das quais o leite fazia parte do dia a dia – era leite no café da manhã, no lanche da tarde e ao deitar e sobrevivi!

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Com certeza você já ouviu aquela frase: “se até o bezerro desmama, porque nós humanos continuamos a beber leite?” O fato é que o bezerro não para de beber por, instintivamente, saber que faz mal, mas porque a vaca o impede, até para poupar energia para um novo processo de gestação. Se os animais achassem que o leite causa algum mal, o seu cachorro e seu gato não o beberia se você o servisse, mas nós humanos somos os únicos animais que saímos do peito da mãe para a teta da vaca!

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Existem evidências de que há mais de 10 mil anos, ainda na última Era do Gelo, o leite era uma espécie de veneno após a infância, isso porquê, ao contrário das crianças, os mais velhos eram incapazes de produzir a enzima lactase, enzima que quebra o açúcar presente na bebida, a lactose. De acordo com a conceituada revista Nature, quando a agricultura e a criação de animais substituíram a caça, houve uma mutação genética que permitiu que o corpo humano passasse a fabricar essa enzima. Essa mutação foi transmitida de geração em geração e a alteração no DNA se propagou pela Europa, essa mudança se tornou conhecida como a “revolução do leite”, pois a partir daí o seu hábito de consumo foi adotado e adaptado, de modo que a digestão da lactose está mais para uma vantagem evolutiva do que um inconveniente. 

Bandido para alguns

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Apesar da evolução genética, estima-se que dois terços da população mundial não podem ingerir a lactose depois dos oito anos. Na Europa, onde a capacidade de produção dessa enzima aumentou, entre 70% e 90% da população a produz, já na Ásia e na África, a maioria dos habitantes são intolerantes, com taxas que superam 90% em muitos lugares. Por outro lado, existe a alergia a proteína do leite, que não tem nada a ver com a intolerância e afeta uma porcentagem mínima da população – em geral, menos de 1%  e costuma ser transitória, a alergia é uma resposta exagerada do sistema imune contra a proteína do leite.

É claro que a composição nutricional do leite vai mudar dentro de cada espécie animal e mesmo dentro da mesma espécie há variações de acordo com a pastagem, tempo entra ordenhas, etc. O leite de vaca contém em média 35g de proteínas por litro, divididas basicamente em lactoalbumina, lactoglobulina e caseína. É um alimento composto por proteínas de alto valor biológico já que contêm os aminoácidos essenciais: valina, lisina, treonina, leucina, isoleucina, triptofano, fenilalanina e metionina. Os carboidratos correspondem por 4,7% da composição do leite, sendo a lactose, seu açúcar, o principal.

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Mocinho para outros

Ela ajuda a fornecer energia, promover a absorção do cálcio e desenvolver a microbiota adequada. Os lipídios respondem por cerca de 3,0% a 6,0% do leite integral. Tanto no leite humano como no bovino a parte principal do conteúdo dos lipídios é formada por triacilgliceróis. A parte restante contém fosfolipídios (lecitina), esteróides, carotenóides, vitaminas lipossolúveis E , K e alguns ácidos graxos livres. O leite integral tem um teor elevado de gorduras o que aumenta seu valor calórico, diferente dos  semi-desnatados e desnatados. Uma curiosidade é que tanto o leite de vaca como o leite materno são pobres em ferro, mas o ferro do leite materno está ligado à lactoferrina e apresenta maior biodisponibilidade. O leite de vaca também apresenta baixo teor de vitamina C, considerado um fator estimulador da absorção de ferro e alto teor de cálcio e fósforo, que contrariamente são fatores inibidores da absorção de ferro.

Mas o grande sucesso do leite se dá devido ao seu elevado teor de cálcio. E a pergunta que não quer calar é:

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O cálcio proveniente do leite é realmente fundamental?

Em geral, recomenda-se que um adulto consuma, diariamente, mil miligramas do mineral que é essencial sobretudo aos ossos. Com apenas um simples copo de leite dá para cobrir um quarto dessa necessidade diária, mas isso não é tarefa tão fácil. Estudos alimentares mostram que no Brasil a ingestão média é de 400 miligramas e olha lá! Tirando leite e derivados, as outras fontes do nutriente – como vegetais verde-escuros – contribuem pouco na soma. Está aí outro ponto polêmico. Afinal pode-se dizer que as folhas exibem níveis bacanas do mineral.

Mas quanto disso o corpo consegue utilizar?

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Quando o cálcio é proveniente do leite, 30% dele é absorvido, se for de vegetais esse valor cai para 5%, ou seja, para incorporar a mesma quantidade de cálcio que se conseguiria em um copo de leite, deveríamos comer 4,5 porções de brócolis ou 16 porções de espinafre! Haja fome!

Agora você deve estar preocupado com seu nível de cálcio no organismo, a questão é que mesmo que o seu consumo seja baixíssimo, um hormônio chamado paratormônio nunca deixará ele baixar no sangue, já que isso resultaria em sérios problemas. Ele é responsável por regular os níveis de alguns nutrientes circulantes no sangue como o cálcio e o fósforo, e também a vitamina D.  

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Mas se você não se alimenta com fontes de cálcio, de onde ele vem?

A resposta não é muito bacana, dos ossos! Caso isso não aconteça, temos um caminho de via única: o cálcio cai na circulação, mas não volta para os ossos, a chamada osteoporose, entre outros problemas. Para se ter saúde óssea  existem muitos fatores que devem ser levados em consideração, que não só a presença de cálcio na dieta, como a adequada presença de vitaminas D e K, o não consumo de vitamina A em excesso, um adequado consumo de proteína e obviamente não se tomar refrigerante em excesso.

Mas e os antibióticos e hormônios que são dados às vacas?

Dar hormônios aos animais é uma prática proibida há anos, assim como aplicar antibióticos para fomentar o crescimento também, na União Europeia desde 2006, embora os antibióticos possam ser empregados em situações específicas, exclusivamente para fins de tratamento com respeito ao tempo de espera para conseguir que o animal metabolize essas substâncias, a fim de que não estejam presentes no leite (ou na carne) em quantidades que possam representar um risco à saúde humana. Para a indústria alimentícia a presença de antibióticos não é ponto positivo, pois impedem o desenvolvimento das bactérias, ou seja, impossibilita a fermentação necessária para a confecção de laticínios como queijo e iogurte. Bom, pelo menos assim deveria ser!

Leite favorece o câncer, diabetes e obesidade

Não há conclusões científicas sólidas, os estudos realizados vão na linha do que resume a Escola de Saúde Pública de Harvard: “Enquanto o cálcio e os lácteos podem reduzir o risco de câncer de cólon, um alto consumo desse grupo de alimentos poderia, possivelmente, aumentar ao mesmo tempo o risco de câncer de próstata e de ovário.” Os especialistas tomam essa afirmação com cuidado, já que foram encontradas correlações, mas não causalidades: ou seja, não se sabe se o que provoca um aumento ou uma redução dos tumores seja o leite; pode haver outros fatores na equação.

Por outro lado, o consumo de leite está relacionado ao aumento de risco de câncer de mama, endométrio e próstata, mas pelo aumento de IGF-1 (fator de crescimento tipo insulina I) em pessoas que consomem leite pode representar um mecanismo plausível entre a ingestão de lácteos e outros tipos de câncer.

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Em relação à obesidade já existem indícios de que ela não só ajuda a manter a cinturinha como auxilia contra outros problemas ligados aos quilos a mais. Em experimento da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, fãs do leite integral – identificados por biomarcadores sanguíneos – eram menos propensos a desenvolver o diabete tipo 2. Mas para quem já tem a doença, aí vale repensar o teor de gordura. Ainda assim, não há razão para abolir o leite, um trabalho recente mostrou que os diabéticos que tomavam a bebida apresentavam melhor controle glicêmico, a teoria é que ela deixaria a microbiota mais equilibrada, o que reduziria a inflamação no corpo.

O fato é que se você tem intolerância à lactose, é melhor não ingerir lácteos ou consumi-los em pequenas quantidades, o mesmo vale para alergia à proteína do leite, mas se você não se enquadrar nesses, aproveite!  O leite é um alimento completo cujo consumo deve ser consciente e sem exageros, opte por fontes de laticínios ao invés do leite e tenha rotatividade nos tipos como leite de castanha, leite de arroz, leite de aveia ou leite de soja. Se for para chorar pelo leite derramado, que seja, pelo menos para mim, leite desnatado!
 

JAMAR TEJADA


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