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Fitoterápicos: você sabe o que são e quais as diferenças entre eles e as plantas medicinais?

Na coluna desta semana, o especialista em tratamentos naturais fala sobre as famosas cápsulas das plantinhas medicinais

Assim como todos os medicamentos, os fitoterápicos precisam de registro e regulamentação da ANVISA – Freepik

Gosto quando começam a falar de tratamentos naturais comigo, sobre os efeitos ou sobre o não efeito de determinada planta no organismo, até porque falar sobre planta virou papo de boteco… Se você não fez ou faz uso uma única vez em sua vida, definitivamente não deve pertencer a esse planeta. Atualmente mais de 80% da população faz uso de plantas medicinais ou produtos fitoterápicos, comprados facilmente em farmácias e/ou lojas de produtos naturais, fato que eu como profissional da saúde acho um tanto preocupante.

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Quem faz uso dessa terapia — sim, terapia de tratamento através das plantas, precisa de uma prescrição adequada e de informações sobre possíveis interações medicamentosas. O conceito de que o uso de planta medicinal não faz mal por ser natural, aliado ao pensamento de que os médicos não entendem de plantas medicinais… Isso leva, muitas vezes, o paciente a, infelizmente, não comentar que está fazendo uso de algum fitoterápico, o que pode se tornar um sério problema, afinal,como sempre digo: “Nem tudo que é natural faz bem!”.

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Uma planta medicinal é um agente xenobiótico, ou seja, um composto estranho ao organismo humano, que apresenta produtos que serão biotransformados em nosso organismo pelo fígado principalmente, e que são potencialmente tóxicos. Assim, não possuem somente efeitos imediatos e facilmente correlacionados com seu uso, mas também efeitos que se instalam em longo prazo e de forma sem sintomas, podendo levar a um quadro clínico problemático e algumas vezes até mesmo fatal.

Grande maioria das pessoas faz uso de plantas medicinais em problemas que são considerados moderados, tais como obesidade, insônia, constipação, hemorróidas, dor nas articulações, entre outras e aí que vem o risco, uma vez que são consumidas por meses de tratamento.

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O uso de fitoterápicos não é uma tarefa simples. 

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Aliás você sabe o que é um fitoterápico?

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Todo fitoterápico é um produto feito de uma planta medicinal, mas nem toda planta medicinal é um fitoterápico. Confundi? A questão é que para se tornar um produto fitoterápico ou medicamento fitoterápico, a planta medicinal deve passar por um processamento, onde dali é produzido um extrato. Assim como todos os medicamentos, os fitoterápicos devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados, composição padronizada e segurança de uso, além de também precisarem de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que os regulamenta e, além disso, fiscaliza as indústrias farmacêuticas. Ou seja, um fitoterápico é um medicamento à base de plantas que passou por um controle mais rigoroso, fora que um fitoterápico não necessariamente é produzido por uma única planta, ele pode ser produzido com várias. 

Muitas vezes estou falando sobre a ação de determinada planta e a criatura me interrompe falando: “Mas eu já tomei essa planta e não adiantou em nada!”. Quando isso acontece, minha primeira pergunta é: “Mas você tomou em que apresentação? Cápsulas, infusão… Qual?”. E aí, querendo mostrar maior conhecimento sobre o assunto, me responde de uma forma seca: “Em cápsula!”– como se me dissesse: “Eu sei o que estou falando, eu tomei a forma mais power!”. Falam isso como se o chá ou a infusão não valessem em nada. Enfim, em seguindo, chego com a segunda pergunta revanche: “Mas essa cápsula era feita com o pó ou extrato seco da planta?”. Raramente alguém sabe me dizer, inclusive profissionais de saúde, e entre uma cápsula feita de pó e uma cápsula feita de extrato seco há uma diferença bem grande e pode estar aí o sucesso ou não de seu tratamento.

Vamos entender a diferença:

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Quando uma cápsula é feita de PÓ, ela é produzida com a droga vegetal seca, que passou por um processo de moagem, ou seja, simplesmente foi moída a planta inteira, ou parte dela (folhas, raízes, flor, fruto, etc) e esse pó foi colocado aí dentro da cápsula. Quando você faz uso de um pó, você não tem certeza absoluta de quanto ativo, ou seja, quanto fitoquímico, quanto medicamento, está presente nele. Pode ser que naquela parte do pó esteja bem carregada de ativos, mas pode ser que não, não há um doseamento, não há como saber a dosagem qualitativa. Mas como assim pode ser que não haja ativo naquele pó? Como já disse, uma planta pode ter vários ativos, mas alguns ativos se concentram mais em determinadas partes da planta. Pode ser que tenha ativos só na flor, ou só nas raízes, ou só nas folhas jovens, ou só nas folhas velhas, etc, isso tudo vai depender de cada espécie e também de uma série de fatores, até a forma ou mesmo horário ou estação do ano que foi colhida pode ser que interfira na quantidade de ativos. Ou seja, não estou dizendo que um pó de planta não seja eficiente, estou dizendo que não há como saber o quanto você consumiu realmente do medicamento daquela plantinha.

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Agora, quando falamos em EXTRATOS SECOS, cápsulas feitas a partir de extrato seco de uma planta, estamos falando de preparações obtidas de vegetais frescos ou secos, por meio de solvente específico, para concentrar determinado composto bioativo. Ou seja, a planta passou por um processo onde se consegue determinar a quantidade de ativos existente nela. Mas qual a vantagem? A vantagem é que os extratos secos, de um modo geral, possuem composição química definida e constante, com teores de princípios ativos maiores que os da droga vegetal que o originou. Assim, você consegue ter nesse extrato seco uma concentração de medicamentos, fitoquímicos muito mais alta que a própria droga vegetal e isso faz com que a dosagem usual seja menor, mais precisa e mais eficaz. Além disso, em relação ao resultado final de um tratamento, uma droga vegetal feita de pó ou mesmo rasura apresentam menor biodisponibilidade das substâncias ativas. O sistema digestivo teria que atuar como extrator e isso pode interferir, dificultando em determinar a sua eficácia real, diferente de um extrato seco onde o princípio ativo já está disponível para o organismo.

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QUE TAL UM EXEMPLO REAL, PARA NÃO RESTAREM DÚVIDAS SOBRE A DIFERENÇA ENTRE OS DOIS?

Vou te dar um exemplo sobre a diferença entre o tratamento com cápsulas de pó ou extrato seco no caso do hipérico, planta tão conhecida para tratamento de ansiedade e depressão.

Poderia prescrever a planta em cápsulas de pó, mas a posologia seria bem diferente. Os estudos clínicos com extratos secos de hipérico utilizaram 300 a 900 mg do extrato seco padronizado em 0,9% de hipericina, que é o ativo do hipérico; a literatura cita a presença de apenas 0,09%  hipericina na planta seca. Dessa forma, relacionando essa dosagem com a planta em pó, encontramos a necessidade de usar-se dez vezes mais pó (3-9 gramas do pó ao dia) ou de 6 a 18 cápsulas de 500 mg por dia, quando no extrato essa dosagem poderia ser alcançada em uma única cápsula. Entendeu?

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A grande maioria de produtos fitoterápicos vendidos em lojas de suplementos ou drogarias são na forma de cápsulas de pó, que raramente exige receita médica, nutracêutica ou farmacêutica, e pelo fato de não ter esse doseamento não há uma certeza de resposta de tratamento. Então, antes de falar mal de determinada plantinha, dizer que ela não ajuda em nada, verifique a qualidade do que está tomando, oriente-se com profissional da saúde que entenda fitoterapia e bom tratamento!

As plantas serão sempre a primeira escolha para qualquer tratamento, antes de cair num medicamento químico, tente um chazinho, ali pode estar o seu esperado equilíbrio!
 

JAMAR TEJADA


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