Você já se imaginou saindo do médico com a prescrição: “Interagir com um grupo de pessoas com os mesmos interesses que você pelo menos 3 vezes na semana, por 60 dias”? Tão importante quanto comer 5 porções de frutas e hortaliças diariamente, os relacionamentos sociais saudáveis também podem reduzir o risco de mortalidade e doenças do coração, por isso, são recomendados por profissionais que praticam a Medicina do Estilo de Vida.
Os pilares do estilo de vida são entendidos como alvos terapêuticos para torná-los mais saudáveis e promover uma sensação de bem-estar. Assim como a alimentação, o sono e a prática de exercícios, os relacionamentos também devem ser avaliados, orientados e prescritos.
Medicina do Estilo de Vida: relacionamentos sociais precisam ser saudáveis
Vamos refletir sobre relações sociais e de saúde: a maneira como nos relacionamos pode interferir em nossa saúde física e mental. Entender como a família, amigos, colegas de trabalho ou outros grupos sociais podem nos provocar emoções como alegria, tristeza, melancolia, amor e ódio é por onde devemos começar a nossa parte.
Essas emoções, dependendo da intensidade, podem ser saudáveis ou não. Compreender como as afinidades afetivas e os padrões sociais podem nos causar sofrimento psíquico é a chave para manejá-lo.
Pegamos como exemplo a Índia, país onde o matrimônio arranjado é a forma mais tradicional. Os laços sociais e a família são o centro do social. Os jovens não são livres para fazer essa escolha e devem se submeter ao desejo e vontade familiar. Uma pesquisa realizada em Nova Dehli apontou que esse fato causava aos indianos adolescentes tensão em defender escolhas autônomas. Mais de 90% dos casamentos arranjados causam anseio em se casar por amor. A idade para casar também é outra pressão vivida por esse grupo. A pesquisa conclui que o padrão social e cultural podem causar sofrimentos emocionais.
Mas, como prevenir e tratar sofrimentos causados pela globalização dos fatos da vida? Os entendidos no assunto são unânimes em afirmar que devemos usar as vias cientificas e as vias espirituais para restabelecermos a sensação de pertencimento.
No Ocidente, por outro lado, o sofrimento emocional que leva muitos aos consultórios médicos, psicológicos e psicanalíticos nos dias de hoje é a ideia de nos bastarmos a nós mesmos. Então, nossas escolhas e o autocuidado deveriam, por si, levar a autorrealização. Só que não…
A necessidade de pertencer e se conectar socialmente é humana e fundamental e nos dá a sensação de pertencimento. A presença de uma conexão leva a sensação positiva de bem-estar emocional e físico. A falta ou insuficiência dessas pode fazer com que os indivíduos se sintam solitários e/ou isolados e acabam por desenvolver uma série de consequências negativas.
Por outro lado, solidão não é estar sozinho, é sentir-se só, porque a presença do outro não é significante ou confiável e então, não conseguimos interagir e trabalhar.
Esses “sintomas” das relações sociais mostram que algo não está legal e precisamos controlar e reverter, assim como faríamos se o açúcar no sangue estivesse alto. Procuramos um especialista e fazemos a nossa parte, seguindo as recomendações.
As pesquisas dessa área não são animadoras. 40% dos idosos americanos se sentem sós. Em outro estudo, no Reino Unido, 45% dos britânicos entrevistados relataram sentir-se totalmente sozinhos. Na Nova Zelândia, 35% dos que tem mais de 15 anos também declararam solidão.
Como fazer para ter uma melhor interação social?
Só com o conhecimento podemos prevenir e tratar os transtornos da nossa mente. Cuidar dos nossos relacionamentos, assim como do nosso corpo físico, é diminuir o risco para mortalidade, doenças do coração, de Alzheimer, depressão, entre outros. Olha essas dicas para melhorar a interação social!
• Busque atividades com outras pessoas;
• Participe de projetos comunitários;
• Frequente novos ambientes para conhecer pessoas (clubes, associações, etc …);
• Participe de grupos online com o mesmo interesse;
• Pratique atos aleatórios de gentiliza.
Sentir-se próximo a uma pessoa ou grupo, além de se sentir querido e compreendido, forma uma constelação de elementos, uma cadeia de relações sociais saudáveis e interligadas, que impactam a vida, a saúde e o bem-estar das pessoas.
Vamos cuidar de nossas teias e isso nos ajuda a sentir-se bem, conosco mesmo, com consciência mútua e interação social.
Já me sinto conectada a vocês,
Carol.