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Quimioterapia e radioterapia em lesões cerebrais: qual a diferença?

Neurologista explica as indicações, mecanismo de ação e efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia, tratamentos utilizados no combate aos tumores cerebrais

Quimioterapia e radioterapia em lesões cerebrais: qual a diferença? – Freepik

Muitas pessoas se confundem em relação às diferenças entre os tratamentos disponíveis para câncer. A quimioterapia e a radioterapia possuem mecanismo de ação e, logo, indicações distintas.

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“A quimioterapia é uma modalidade de tratamento em que utilizamos um agente para atrapalhar a multiplicação das células tumorais, o que geralmente é realizado por via oral ou venosa. A radioterapia, por sua vez, consiste na entrega de partículas radioativas de fótons na área do tumor com o objetivo de machucar o DNA da célula tumoral parar gerar um efeito conhecido como apoptose tumoral, isto é, um processo de morte celular induzida pelo dano em seu DNA”, explica o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista

Mas, afinal, qual a aplicação prática de cada um desses procedimentos? E, mais importante, o que devemos esperar quando somos submetidos a eles? Conversamos com o Dr Gabriel Batistella para solucionar as principais dúvidas que envolvem a quimio e a radioterapia. Confira:

Quimioterapia e radioterapia em lesões cerebrais: qual a diferença?

A radioterapia é indicada em todos os casos de tumores cerebrais?

Não. Apesar de ser uma modalidade muito utilizada, alguns tumores podem ser tratados inicialmente somente com a quimioterapia, o que poupa o paciente dos efeitos tardios da radioterapia, como acometimento cognitivo e inflamações. Como exemplo, podemos citar os linfomas primários do sistema nervoso central e os tumores germinativos.

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Então a quimioterapia é uma opção de tratamento para todos os tipos de tumores cerebrais?

Dr. Gabriel: Também não. Assim como na radioterapia, a quimioterapia pode ser evitada em alguns casos, principalmente quando o tumor não demonstra grande resposta a utilização dessa modalidade de tratamento.

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Os efeitos colaterais são os mesmos nos dois tratamentos?

Os efeitos colaterais não são os mesmos. O efeito colateral da quimioterapia, por exemplo, vai depender mais do perfil do remédio escolhido do que do tumor em si, mas, de modo geral, causa náuseas leves, fadiga, constipação e redução do número de plaquetas, que são as células responsáveis pelo estancamento de sangramentos. Já para o sistema nervoso, a maioria das quimioterapias são geralmente pouco problemáticas.

Na radioterapia, por sua vez, o efeito colateral depende da máquina, da dose e da localização do tumor e, normalmente, não surge logo no início do tratamento. É muito raro o paciente apresentar sintomas durante os dias de radioterapia e, quando surgem, se limitam a queda de cabelo, reversível na maioria dos casos, e uma leve inflamação da pele, que pode ser controlada com hidratante hipoalergênico.

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As verdadeiras complicações da radioterapia costumam surgir de maneira tardia, com impacto nos campos neurocognitivos e possibilidade de necrose cerebral tardia. Mas é importante destacar que todos esses quadros podem ser devidamente acompanhados e controlados e a maioria dos pacientes não sofrem com essas condições.

A quimioterapia possui vantagens com relação à radioterapia ou vice-versa?

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As principais vantagens da quimioterapia estão relacionadas ao fato de que a maioria pode ser feita via oral, com um perfil de toxicidade muito pequeno quando comparadas a certas quimioterapias feitas pela veia. Mas, novamente, depende de cada caso. Quanto à eficácia, precisamos observar qual o objetivo do tratamento, pois existem situações em que a quimioterapia oferece melhor desfecho do que a radioterapia e vice-versa.

O paciente pode escolher qual tratamento prefere realizar?

O paciente tem livre escolha sobre o que é ofertado no tratamento daquele caso, mas sempre orientamos e explicamos qual o melhor caminho. No caso de tumores cerebrais, é raro acontecer o que chamamos de “monoterapia”. Geralmente, combinamos a radioterapia e a quimioterapia e, em alguns casos, utilizamos esses tratamentos de maneira isolada.

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Então combinar os tratamentos é uma prática comum? A eficácia é maior?

Por terem funções distintas, os procedimentos são geralmente usados de maneira complementar. É claro que depende muito do paciente e do tumor em tratamento, mas essa tende a ser a melhor opção para a maioria dos casos.

Em que casos essa abordagem é utilizada?

Combinamos a quimio e a radioterapia na maioria dos tratamentos dos tumores que nascem do cérebro, chamados gliomas. Em alguns casos de metástase cerebral também podem utilizar desse mesmo procedimento, dependendo do número de metástases e do local primário que originou a metástase.

Quando combinados, os tratamentos são realizados em que ordem? Ou são feitos simultaneamente?

Alguns estudos tentaram colocar a quimioterapia antes da radioterapia e vice-versa, mas, hoje, a maioria dos pacientes realiza primeiro a radioterapia, com ou sem quimioterapia, seguido da quimioterapia, no que chamamos de fase adjuvante, os famosos “ciclos”.

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Mas existem pacientes que inicialmente não são candidatos a radioterapia, por exemplo, quando temos um tumor muito grande num paciente idoso ou quando queremos reduzir a massa tumoral com quimioterapia para usar a radioterapia o menos possível e assim evitar seus efeitos tardios sequelares.

Os efeitos colaterais são maiores quando os dois procedimentos são combinados?

Pode acontecer, principalmente no caso de sintomas como redução do apetite, náusea, sonolência e fadiga, entre outros. No entanto, vale ressaltar novamente que a vasta maioria dos pacientes não apresenta sofrimento ao passar pele tratamento neuro-oncológico. Mas cada paciente responde de uma forma e precisamos ficar atentos a cada caso.