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Lágrimas de jacaré são analisadas para tratar doenças oculares – PxHere

“Lágrimas de crocodilo” é uma expressão muito famosa, utilizada para apontar um choro fingido, falso. Contava-se que às margens do rio Nilo, na antiguidade, os crocodilos choravam e faziam barulhentas manifestações de desespero para atrair e despertar a piedade das pessoas que por ali passavam, como uma maneira de chamar a atenção para devorá-los.

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Histórias a parte, na atualidade, pesquisadores brasileiros da UFBA (Universidade Federal da Bahia) descobriram que, na verdade, as lágrimas dos jacarés contém proteínas com um grande potencial para tratar doenças oculares, assim como a síndrome do olho seco.

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Em matéria publicada no portal Ecoa, do UOL, Arianne Pontes Oriá, veterinária e coordenadora do estudo, disse: “Engraçado que ‘lágrimas de crocodilo’ se dá à lenda de que o animal, enquanto devora sua presa, derrama lágrimas. E ao longo do nosso estudo percebemos que o jacaré realmente acumula um pouquinho mais de lágrima quando se prepara para atacar. Ele movimenta a mandíbula, a musculatura, e faz uma pressão na glândula que produz o filme lacrimal. No cantinho do olho, então, aparecem bolhinhas, que é a lágrima. Isso foi até um macete, uma maneira que a gente encontrou, para facilitar a hora da coleta”.

Em 2009, Arianne ingressou em um estudo para analisar a saúde dos olhos de dois jacarés-de-papo-amarelo, apelidados carinhosamente de Tino e Barney.

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“Esses animais mantêm o olho aberto por um longo período de tempo, infinitamente maior que outras espécies, e contam com uma superfície ocular extremamente sadia. E o que faz com que aquele olho, aberto por tanto tempo, sem ‘piscar’, seja tão saudável?”, questionou a profissional. E foi a partir dessa dúvida que as primeiras coletas e análises foram feitas.

“O que a gente encontrou foi uma quantidade de proteína tão alta quanto a presente na lágrima de humanos. Com o avanço do estudo, acreditamos que será possível identificar moléculas que possam ajudar, futuramente, no tratamento de doenças como a síndrome do olho seco, que quando não tratada corretamente pode levar à cegueira”, confirmou Arianne.

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Há, porém, algumas dificuldades. “A coleta é um trabalho árduo, que requer bastante paciência. A quantidade de lágrima que conseguimos coletar no dia a dia é bem pouca. Para ter 1ml de lágrima, é preciso de 60 a 100 jacarés. Então todo esse processo, feito com uma tira de papel filtro com alta capacidade de absorção, leva em torno de três a quatro dias”.

Para o portal, a profissional ainda falou sobre a falta de verba investida no setor científico brasileiro. Consequentemente, a parceria com laboratórios internacionais está sendo fundamental para dar seguimento à pesquisa.

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