O movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, Outubro Rosa, foi criado no início da década de 1990, em Nova York, Estados Unidos. Desde então, o período é celebrado no Brasil e no exterior visando compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama, a fim de contribuir para a redução da incidência e da mortalidade pela doença.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, representando 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. É também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população, com 684.996 óbitos estimados para esse ano.
No Brasil, o câncer de mama é também o tipo de câncer mais incidente em mulheres de todas as regiões. As taxas são mais elevadas nas regiões mais desenvolvidas (sul e sudeste) e a menor é observada na região norte. Em 2022, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença.
Estudos da Associação Americana de Câncer mostram que, se descoberto no início, o câncer de mama tem chances de cura de até 95%. Esse índice cai para até 50% se a neoplasia estiver em um estágio mais avançado.
Sinais do câncer de mama
Segundo Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor, pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região das axilas.
Os principais fatores do câncer de mama
Comportamentais/Ambientais: obesidade e sobrepeso, após a menopausa, atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana), consumo excessivo de bebida alcoólica, história de tratamento prévio com radioterapia no tórax.
Aspectos da vida reprodutiva/hormonais: primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos, não ter filhos, primeira gravidez após os 30 anos, parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos, uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona), ter feito terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona) por mais de cinco anos.
Hereditários/genéticos: histórico familiar de câncer de ovário e câncer de mama, principalmente antes dos 50 anos, além de alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.
Os 6 principais exames para revenir e detectar o câncer de mama e quando realizá-los
Mamografia
Segundo o ginecologista Carlos Moraes, o exame de rastreio por imagem tem como finalidade estudar o tecido mamário, podendo detectar um nódulo, mesmo que este ainda não seja palpável. O INCA indica que a mamografia deva ser feita a cada dois anos, a partir dos 50 anos, caso não seja encontrada nenhuma alteração. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) defende que as mamografias comecem a partir dos 40 anos.
Ultrassom das mamas
Atuando com ondas sonoras de alta frequência, o exame proporciona imagens da estrutura interna para caracterizar alterações palpáveis ou detectadas à mamografia (geralmente nódulos e assimetrias), assim como para o rastreamento complementar à mamografia em mulheres com mamas densas.
Também possibilita distinguir lesões que não podem ser palpadas, como lesões sólidas e císticas, que exigirão uma biópsia percutânea.
Ressonância magnética
Diferente do raio-x, a ressonância magnética não utiliza radiação e pode ser utilizada como exame complementar. As imagens tridimensionais, muitas vezes, ajudam no diagnóstico da neoplasia. Para realizar a ressonância, pode ser preciso injetar um contraste e, para isso, é necessário estar com os rins sem complicações.
Exame de sangue
Quando o corpo desenvolve algum tipo de câncer, é comum que algumas proteínas como a CA 125, a CA 19.9, a CEA, aumentem sua concentração no sangue. Por isso, o exame sanguíneo pode ser importante para detectar a presença de marcadores tumorais e para avaliar a evolução do tratamento.
Exame genético
Estima-se que 10% dos casos de câncer de mama possuem origem hereditária. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por grande parte dos casos de cânceres de mama hereditários (tanto que eles possuem esse nome por serem abreviaturas de “BReast CAncer” – câncer de mama, em inglês).
“A análise genética, feita com amostras de sangue e usando técnicas de sequenciamento de próxima geração (NGS) ou Amplificação Multiplex de Sondas Dependente de Ligação (MLPA), é capaz de detectar alterações genéticas patogênicas nesses dois genes, indicando uma pré-disposição ao surgimento tanto do câncer de mama como de ovário”, explica Carlos Moraes.
Autoexame das mamas
O método é realizado pela própria mulher através da palpação dos seios, que pode ser feito em frente ao espelho, em pé e deitada. O autoexame ajuda na prevenção e na identificação de tumores palpáveis. Entretanto, ele jamais substitui os demais exames, já que o objetivo atual da detecção do câncer de mama é justamente fazer o diagnóstico precoce e evitar a evolução de um possível tumor em estágio inicial.
“Embora os exames devam ser realizados rotineiramente, visando preservar a saúde da mulher, muitas pacientes só marcam consulta quando já estão com os sintomas, correndo o risco desnecessário de não tratar a doença logo no início”, finaliza o ginecologista Carlos Moraes.