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É possível comprar felicidade? Psicólogo explica por que relacionamos sentimentos bons à bens materiais

Para o psicólogo Renato Caminha, a verdade é que existe um equívoco entre pontuarmos esse sentimento como felicidade

Psicólogo explicou por que associamos felicidade ao dinheiro – Unplash/ Sharon Mccutcheo

Quantas vezes você colocou como meta de vida algum bem material ou até mesmo pensou que tudo o que precisava era um salário maior para ser mais feliz? Alguns estudos apontam que o dinheiro influencia na felicidade, inclusive mais do que imaginamos.

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), em 2017, ouviu 2.594 moradores do Rio de Janeiro e de São Paulo e concluiu que, quanto mais alta a renda do brasileiro, maior a pontuação nos níveis de satisfação com a vida.

Isso pode ser visto na pandemia. Algumas pessoas que perderam os empregos precisaram aceitar a primeira vaga disponível para se manter, mesmo para fazer algo que elas não gostassem. Enquanto outras, com uma reserva financeira, puderam esperar por uma vaga que se encaixava melhor ao seu perfil. Em grandes ou pequenas decisões, ter mais dinheiro dá uma variedade de opções e um maior senso de autonomia.

Para o psicólogo Renato Caminha, a verdade é que existe um equívoco entre pontuarmos esse sentimento como felicidade.

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“Felicidade é uma emoção e emoção por si só é um fenômeno de curta duração. Acho que podemos trocar essa palavra e todo o seu significado por bem-estar. É óbvio que para termos isso, precisamos nos sentir bem, motivados e ter um nível razoável de conforto, moradia, alimentação e educação. É isso que nos provoca o tal sentimento”, afirma o Mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela PUC-RS.

Por outro lado, uma pesquisa de Harvard sobre desenvolvimento adulto, realizada por mais de 75 anos, acompanhou mais de 1000 pessoas e revelou que as relações pessoais são grandes responsáveis por manter a saúde física e mental dos entrevistados, ficando na frente do dinheiro, emprego e fama. Isso é também o que acredita a Geração Y, conhecida como Millennials.

Para os nascidos entre 1980 e 1995, a felicidade está relacionada em criar, compartilhar e capturar memórias adquiridas por experiências, como revela uma pesquisa realizada nos EUA, pela Eventbrite. 

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Caminha acredita que pensar desta forma pode estar relacionado ao lugar em que você vive.

“Quando a gente tem um nível razoável de conforto, os bens materiais não nos trazem bem-estar. Pesquisas mostram que em países desenvolvidos o dinheiro não faz a menor diferença para as pessoas reportarem uma vida boa. O que difere está na convivência entre pares, são as nossas relações que nos fazem bem. Algumas pessoas buscam suprir um vazio, suas inquietações e angústias através do consumo e isso só gera mais problemas”, pontua o psicólogo que é Membro fundador e presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBIC). 

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Então pare e pense, onde você está concentrando a sua energia e o seu tempo? No apartamento dos sonhos ou na construção de relacionamentos saudáveis com as pessoas que ama?

Sabemos que é cada vez mais desafiador, ainda mais em tempos de pandemia, passar momentos de qualidade com quem queremos bem e, consequentemente, notamos um aumento do consumo impulsionado pelas compras online. Estamos nós querendo nos exibir nas redes sociais e, consequentemente, ficando mais consumistas?

O psicólogo acredita que sim, o digital pode ser uma válvula de escape para as pessoas que buscam a tal felicidade.

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“Hoje, muitos postam uma selfie falsa, exibindo marcas, lugares maravilhosos e tudo aquilo que não são, por causa de uma suposta felicidade. Quando olhamos as redes sociais dos outros, ficamos com a sensação de que elas são felizes e nós que não conseguimos chegar lá”, comenta.

Mas se dinheiro não traz esse sentimento, é possível viver sem ele?

“Infelizmente, não. Sem dinheiro não temos como viver bem em uma sociedade de consumo, porque não conseguiremos atingir o mínimo para alcançarmos o bem-estar”, conclui o psicólogo ao acreditar que é necessário valorizar as suas conquistas e os bens que construiu, mas é importante ter em mente que você é mais do que isso.