Saúde mental no Carnaval: Como lidar com a ‘obrigação’ de ser feliz neste período?

Festa, bloquinho, música alta, multidão… Será que a felicidade carnavalesca é a única aceitável nesta época do ano? E, quem não gosta de samba, o que faz para continuar sendo um bom sujeito, apesar da aversão à folia? Veja o que especialistas têm a dizer

Carnaval
Carnaval: tenho mesmo a obrigação de ser feliz? – Tomaz Silva / Agência Brasil

 Carnaval é sinônimo de folia, agitação nas ruas, bloquinho, música alta, multidões, bebida, diversão. Já diz a música: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. Logo, a regra é clara: tem que se divertir, curtir, exalar felicidade, explode coração e aquela coisa toda cantada em outra música…

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Basta uma rápida olhada no ‘maravilhoso mundo das redes sociais’ pra ver que todos estão (supostamente) felizes, naquela euforia. Seja em bloquinho ou nas escolas de samba, a regra é se divertir. No entanto, para quem não está nem aí pra folia, o que fica é uma sensação de inadequação, de ‘peixe fora d’água’.  Isso gera desconforto emocional, ansiedade e gera a pergunta: realmente, tenho que ser feliz? 

Tenho a ‘obrigação’ de ser feliz no Carnaval?

Segundo a psicanalista e escritora Carla Brandão, “isso contribui para que muitas pessoas começam a se sentir fora desse momento coletivo, gerando uma angústia caso não se sintam inseridos nessa festa que parece anestesiar as frustrações e todo mundo se mostra extremamente feliz”.

Além disso,  preciso saber que estar feliz é um conceito vago em tempos de exposição nas plataformas digitais. Nada pode ser o que parece. Segundo, é preciso se preguntar: o que me faz feliz, independente dos outros? Descansar? Maratonar séries na Netflix?

A especialista alerta que a felicidade não deve virar obrigação, em detrimento das vontades pessoais. “Se não estivermos atentos, sucumbimos a convites constantes para uma festa ininterrupta, caso de quem vive de olho na grama do vizinho, que sempre parece mais verde“, conclui.

Excesso de estímulos e ansiedade

De acordo com a neuropsicóloga Dra. Karliny Uchôa, é essencial se conhecer para estar bem independente do ambiente. E não se cobrar tanto. Por fim,  quem já convive com transtornos de ansiedade, é recomendável estabelecer estratégias prévias para lidar com situações desconfortáveis.

 “A ansiedade pode se intensificar com fatores como a pressão para socializar, o medo de perder algo ou a sensação de não estar se divertindo o suficiente. Nem todo mundo se sente confortável em ambientes lotados ou com muito barulho, é importante respeitar seu próprio ritmo e buscar espaços e momentos de pausa”, orienta.

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Editora-chefe das marcas Bons Fluidos, SportBuzz e Perfil Brasil. Acredita na Lei do Retorno e na (lenta) evolução do ser humano para um mundo melhor.