Você sabia? O traço de sua personalidade pode definir a qualidade do seu sono

Estudo da USP mostrou que pessoas com maiores níveis de neuroticismo, caracterizado pela instabilidade emocional e ansiedade, sofrem mais com insônia

personalidade-sono
Estudo da USP mostrou que pessoas com níveis elevados de neuroticismo, personalidade caracteriza pela ansiedade, têm uma má qualidade do sono – Prostock-studio/Konstantin Postumitenko

Já sabemos que a insônia pode estar correlacionada com uma má alimentação, além da saúde física e mental. No entanto, você sabia que a qualidade do seu sono é influenciada pela sua personalidade? É isso que aponta um estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista científica ‘Journal of Sleep Research‘. Entenda:

Publicidade

Teoria dos 3 Ps e Big Five

Primeiramente, para chegar à esta conclusão, os estudiosos se basearam em duas teorias: a que classifica os 3 Ps da insônia – predisposição, precipitação (gatilhos relacionados aos primeiros sintomas) e perpetuação (comportamentos que prolongam a doença) – e a Big Five. Esta última aponta que todos os indivíduos possuem cinco traços de personalidade, em diferentes níveis. São estes:

  1. Extroversão: compreende pessoas mais simpáticas, falantes e que se dão bem em papéis de liderança.
  2. Neuroticismo: refere-se à estabilidade emocional e engloba indivíduos que se estressam mais facilmente, focam nos pontos negativos ou têm dificuldade para controlar os sentimentos.
  3. Amabilidade: são aqueles que apresentam mais empatia, confiança nas pessoas e preocupação com o bem-estar geral.
  4. Abertura à experiência: relaciona-se mais com as pessoas curiosas e criativas, que buscam fugir da rotina e viver intensamente.
  5. Conscienciosidade: caracteriza aqueles mais responsáveis e compromissados, além de ambiciosos e persistentes.

Como a personalidade afeta o sono?

A partir desses fundamentos, os cientistas analisaram 595 participantes, com idades entre 18 e 59 anos. Eles os dividiram em dois grupos. Um englobava os pacientes que já sofriam com insônia e tinham buscado tratamento. Já o outro era composto por pessoas sem quaisquer problemas para dormir. Desta forma, os profissionais obtiveram que 61,7% dos integrantes da primeira turma apresentaram maiores níveis de neuroticismo, enquanto, na segunda, a porcentagem caiu para 32%.

Além disso, a pesquisa revelou que, aqueles com traços mais próximos da amabilidade, conscienciosidade e abertura à experiência, não tinham o sono impactado. Assim, os estudiosos entenderam que os indivíduos mais abertos às mudanças e aos sentimentos dormem melhor.  Outro ponto relevante é a relação entre os transtornos mentais, como a ansiedade e depressão – presentes no neuroticismo -, e a insônia.
“Essas descobertas são importantes na prática clínica, pois, ao receber pacientes com esse traço de personalidade, é fundamental pensar em um plano de tratamento que foque não somente no sono, mas também na ansiedade“, disse a orientadora do estudo, Renatha El Rafihi-Ferreira.
*Texto feito sob supervisão de Helena Gomes