Carnaval é sinônimo de folia, agitação nas ruas, bloquinho, música alta, multidões, bebida, diversão. Já diz a música: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. Logo, a regra é clara: tem que se divertir, curtir, exalar felicidade, explode coração e aquela coisa toda cantada em outra música…
Basta uma rápida olhada no ‘maravilhoso mundo das redes sociais’ pra ver que todos estão (supostamente) felizes, naquela euforia. Seja em bloquinho ou nas escolas de samba, a regra é se divertir. No entanto, para quem não está nem aí pra folia, o que fica é uma sensação de inadequação, de ‘peixe fora d’água’. Isso gera desconforto emocional, ansiedade e gera a pergunta: realmente, tenho que ser feliz?
Tenho a ‘obrigação’ de ser feliz no Carnaval?
Segundo a psicanalista e escritora Carla Brandão, “isso contribui para que muitas pessoas começam a se sentir fora desse momento coletivo, gerando uma angústia caso não se sintam inseridos nessa festa que parece anestesiar as frustrações e todo mundo se mostra extremamente feliz”.
Além disso, preciso saber que estar feliz é um conceito vago em tempos de exposição nas plataformas digitais. Nada pode ser o que parece. Segundo, é preciso se preguntar: o que me faz feliz, independente dos outros? Descansar? Maratonar séries na Netflix?
A especialista alerta que a felicidade não deve virar obrigação, em detrimento das vontades pessoais. “Se não estivermos atentos, sucumbimos a convites constantes para uma festa ininterrupta, caso de quem vive de olho na grama do vizinho, que sempre parece mais verde“, conclui.
Excesso de estímulos e ansiedade
De acordo com a neuropsicóloga Dra. Karliny Uchôa, é essencial se conhecer para estar bem independente do ambiente. E não se cobrar tanto. Por fim, quem já convive com transtornos de ansiedade, é recomendável estabelecer estratégias prévias para lidar com situações desconfortáveis.
“A ansiedade pode se intensificar com fatores como a pressão para socializar, o medo de perder algo ou a sensação de não estar se divertindo o suficiente. Nem todo mundo se sente confortável em ambientes lotados ou com muito barulho, é importante respeitar seu próprio ritmo e buscar espaços e momentos de pausa”, orienta.