É normal falar sozinho com frequência? Ou indica algum transtorno?

Os especialistas afirmam que a ação pode fortalecer a autoestima, a autoconfiança e estimula a criatividade. Existem também diversos outros benefícios de falar consigo mesmo. Leia a reportagem completa

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especialistas abordam o hábito de falar sozinho – Créditos: depositphotos.com / VitalikRadko

“Nossa, nem dormi, o despertador já tocou.” Depois, no chuveiro, a água não esquenta. “Vai demorar muito”? Antes de ir ao trabalho, tem que mostrar um resultado ruim ao chefe. “Fico ensaiando comigo o que dizer até chegar o momento”. Estes são os relatos de um amigo que costuma falar sozinho e não quis se identificar. “Será que sou normal?”, pergunta, meio preocupado…

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Falar sozinho: é normal?

Muitos de nós já fomos pegos em algum momento falando sozinhos – ou com objetos inanimados. Este comportamento pode parecer engraçado… Porém, é saudável?

Segundo especialistas, a prática de falar consigo mesmo é, na maioria das vezes, vista de maneira positiva. É, portanto, um comportamento natural e tem diversos benefícios. Quem passa muito tempo sozinho pode se beneficiar ainda mais.

A psicoterapeuta Anne Wilson Schaef recomendava a seus pacientes que falassem sozinhos.

Assim, além de melhorar a memória, também traz conforto na própria companhia. Dizer em voz anta o que sente pode ser um aliado. “Todos precisamos falar com alguém interessante, inteligente, que nos conhece bem e está do nosso lado, e esta pessoa somos nós mesmos”, ressalta.

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Para Christian Dunker, psicanalista, “Muitas pessoas falam consigo para organizar pensamentos, tomar decisões, praticar discursos ou expressar emoções.” 

 

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Benefícios de falar sozinho

De acordo com João Pedro Wanderley, psiquiatra do Hospital Oswaldo Cruz, falar sozinho muitas vezes é uma estratégia natural para organizar pensamentos. Além disso, pode auxiliar a reduzir o estresse, manter o foco e regular as emoções.

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Verbalizar o que estamos pensando pode ser uma ferramenta extra de auxílio no dia a dia. “Tranquei a porta antes de sair de casa?” Dizer em voz alta os lembretes do cotidiano pode ajudar a  reduzir a ansiedade relacionada à segurança.

Quando requer cuidados

No entanto, é importante estar atento a alguns sinais que podem indicar a necessidade de avaliação profissional. João Pedro Wanderley destaca que falar sozinho de forma isolada e esporádica geralmente não é um problema. Porém, pode se tornar um caso clínico quando os diálogos estão em desacordo com a realidade. “Caso surjam com tom tenso ou ameaçador, acompanhados por gestos exagerados, podem ser indicativos de condições mais sérias como esquizofrenia ou transtornos de humor”, explica.

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