Você sabe no que consiste a dismorfia corporal? Psicóloga explica como o transtorno está relacionado ao crescimento das redes sociais
Confira ainda quais as causas e os principais métodos de tratamento do transtorno de dismorfia corporal
Confira ainda quais as causas e os principais métodos de tratamento do transtorno de dismorfia corporal
A insatisfação com o corpo não deixa de ser um aspecto comum em nossa sociedade, infelizmente. Em conversa com a psicóloga Marina Prado Franco para a Bons Fluidos, buscamos entender um pouco mais sobre o transtorno de dismorfia corporal. Confira:
O que dismorfia corporal?
“A dismorfia corporal é um transtorno psiquiátrico caracterizado principalmente por uma preocupação excessiva com algum defeito mínimo ou imaginado no corpo, ou rosto. A pessoa que porta esse transtorno vive excessivamente preocupada com esse ou esses defeitos, sendo que não chegam a ser, muitas vezes, perceptíveis para os outros. Devido à preocupação excessiva, essa pessoa adota comportamentos compulsivos, com o intuito de dar conta desses defeitos, como o vício de se olhar no espelho, a prática exagerada de exercícios físicos sem que haja o acompanhamento de um profissional, cirurgias plásticas, etc.”
Quais os sintomas do transtorno dismórfico corporal?
“Alguns dos sintomas desse transtorno são justamente as preocupações excessivas ligadas a pensamentos quase obsessivos sobre esse defeito, o uso excessivo de roupas ou itens para esconder suas ‘imperfeições’. O transtorno pode desencadear, inclusive, ansiedade, depressão, isolamento social, timidez excessiva, baixa auto-estima e insegurança.”
As redes sociais ajudam as pessoas a ficarem cada vez mais insatisfeitas com o corpo?
“As causas para que as pessoas venham a desenvolver esse transtorno são o que chamamos de multifatoriais, desde fatores genéticos, histórico-familiares, culturais e, com certeza, o avanço das redes sociais. Sobre a questão dos esteriótipos, o exemplo claro das mulheres magras, corpos impecáveis, somado ao acesso fácil nos celulares às blogueiras e atrizes que vivem em função deste culto ao corpo, faz com que as mulheres que não consegue obter aquilo sentam mal, frustradas, e comecem a ter esse foco excessivo em si mesmas. Além disso, se uma pessoa tem poucas curtidas nas redes sociais, ela passa a se questionar: ‘o que há de errado comigo?’. As redes sociais, por conta dessa dependência do olhar do outro e as consequentes comparações, propiciam sim transtornos como a dismorfia corporal.”
Atinge mais homens ou mulheres?
“As pesquisas mostram que, na verdade, é um transtorno que vai atingir igualmente homens e mulheres, não há diferença percentual. O que diferencia na questão do gênero é o tipo de defeito em que os homens vão estar pautados versus as mulheres. Em relação aos homens, por exemplo, um tipo comum de transtorno é a dismorfia muscular. Em relação às mulheres, há mais a preocupação com o cabelo, com a pele, um ponto específico do corpo que ela não goste”.
Como é o tratamento?
“O tratamento envolve um aumento de auto-estima em relação a esses indivíduos para que eles fortaleçam sua auto-imagem. Isso pode acontecer em uma rede de apoio, por exemplo, na qual essas pessoas estarão sempre mostrando às outras que aquilo que eles percebem pode não ser notado. Em casos mais graves, é necessário o atendimento psicológico. Para quem convive com a dismorfia corporal, o tratamento mais eficaz consiste na Terapia Cognitivo Comportamental, que trabalha com comportamentos compulsivos. Além disso, o acompanhamento com um psiquiatra é essencial, pois este irá receitar alguns anti-depressivos, e estimular a melhora do humor.”
Marina Prado Franco – Psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CTC VEDA em São Paulo; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; realiza atendimento presencial e online. Tem experiência no atendimento com adolescentes e adultos.