Vamos falar de
dinheiro? Sim, todo mundo precisa dele. Mesmo monges que vivem em isolamento precisam. Tem gente que não sabe cobrar o valor por seu trabalho. tem gente que não fala sobre isso com o parceiro. tem gente que adota a filosofia do cantor
Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar”. E, sequer pensa no assunto.
“A questão é como lidamos com o metal”, destaca a psicóloga
Mônica Guttman.
Dinheiro: como lidar?
De acordo com ela, essa tarefa não é fácil. Nós, humanos, temos uma grande dificuldade de lidar com trocas e reconhecimento de valores. “Se pensarmos bem, o dinheiro foi criado como um símbolo da troca: eu te dou algo, você me dá algo em retribuição”, diz a especialista. “O problema é que a noção de troca foi se perdendo. Na era capitalista o dinheiro virou mais do que uma ferramenta para obtenção de bens. Tornou-se o grande objeto de desejo, a grande referência, um quase Deus.”
Além disso, passou a embutir projeções humanas. “O dinheiro em si, hoje, fala sobre o que as pessoas são e entendem da vida, nossas luzes e nossas sombras”, revela a terapeuta.
O que a forma de lidar com o dinheiro diz sobre você?
Quem tende a acumular mais pode evidenciar um estado de competitividade – de querer estar sempre em primeiro lugar. Já aqueles que ficam felizes quando a moeda circula são colaborativos, enquanto os que doam tendem a refletir generosidade. Em um nível mais profundo, a relação com a moeda pode revelar ainda nossa afinidade ou não com a prosperidade.
Assim, enquanto algumas pessoas lidam com o dinheiro como possibilidade conectada com o fluxo da abundância, outras acabam conectando-se com a moeda de forma nociva – da acumulação pura e simples, sem desfrute, como bem ilustra a figura do avarento. Quantas pessoas não passam a vida toda guardando, guardando e ficam amargas, incapazes de sentir o lado positivo de um recurso financeiro – ferramenta de realização dos nossos desejos, de nossa sobrevivência.
“Outro problema das pessoas gananciosas, que só trabalham pelo prazer de fazer crescer as cifras no banco, é que isso não tem ponto-final. Porque quanto mais se tem, mais se quer. É como um vício, uma projeção de poder”, explica a psicóloga.
Não deixa de ser uma distorção de imagem. Por isso, até como um meio de bem-estar, Mônica defende a importância de atribuir o valor adequado à moeda – sem menosprezá-la nem muito menos transformá-la em algo maior do que realmente é.
Crenças limitantes
Identificar algumas crenças limitantes – de que a moeda é suja, não traz felicidade ou, pior ainda, de que não somos merecedores dela – é o primeiro passo para fazer as pazes com as finanças e atrair tudo que ela pode trazer de bom.
O segundo passo é ressignificar o conceito do que é dinheiro. “Associamos um valor emocional a ele por conta das imagens e significados subjetivos que carregamos. Por essa razão, às vezes podemos nos relacionar com a moeda de modo muito diferente do que ela representa de fato”, diz a terapeuta. “Esquecemos que se trata de um instrumento que possibilita a troca de energias. Daquilo que eu tenho por aquilo que você tem. Ou, mais ainda, que é uma consequência de estarmos colocando nossos dons e talentos a serviço de algo.”
Contextualizado dessa forma, o dinheiro é a nobre recompensa pelo trabalho que executamos e que nos permite viver nessa sociedade.
Há ainda um terceiro e último ponto a destacar para que a moeda possa circular pela nossa vida com mais naturalidade: identificar o que projetamos de bom e de ruim nela.