Whatsappite: Conheça a nova tendinite causada pela digitação nos celulares

Médicos alertam para a forma que pessoas usam os smartphones, explicam como as dores surgem e sugerem novas alternativas para mandar mensagens

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Whatsappite: conheça o novo fenômeno que está deixando jovens e adultos com dor nas mãos – Pexels/cottonbro studio

Já se pegou sentindo alguma dor nas mãos ou nos dedos? Ela possivelmente desencadeou-se pela forma e tempo que passa digitando. Estudos apontam para um novo fenômeno chamado Whatsappite’, que seria um tipo de tendinite causada pelo uso de WhatsApp ou qualquer meio para mandar mensagens. Entenda mais através da matéria divulgada pela Agência Einstein.

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Whatsappite

Cada vez mais, pacientes estão chegando aos consultórios de ortopedia, reclamando de dores nos polegares ou nos punhos. Com isso, pesquisas com esse tema são cada vez mais comuns para entender o que está acontecendo. As mais recentes aconteceram na Arábia Saudita. Em uma, 3.057 pessoas, de 18 a 65 anos, se queixaram que o pulso e a mão estavam doendo. O motivo era o uso de smartphones. Na outra, 800 voluntários relataram incômodos no pulso e no polegar. A conclusão era a mesma, a utilização dos aparelhos, por mais de cinco horas diariamente, estava sendo a causadora.

Outro ponto em comum foi encontrado: a forma que usavam o celular, o segurando com apenas uma mão e o pulso dobrado. “O fato é que os polegares não foram preparados para absorver toda essa sobrecarga que a sociedade moderna está colocando sobre ele. Talvez daqui a milhares de anos, nossas mãos sofram alguma evolução para se adaptar a isso”, conta o ortopedista e cirurgião da mão, Henrique Bufáiçal, do Serviço de Ortopedia do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

O dedo mais importante e o mais sensível

Segundo um levantamento anual, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), existem 249 milhões de celulares sendo usados no Brasil. Isso é maior que o número de habitantes, sendo 1,2 aparelhos por pessoa, pois o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 apontou 203 milhões de habitantes. Então imagina o quanto desses movimentos ágeis não acontecem a todo momento?

O pior dessa história é que os nossos polegares não foram feitos para agir de forma tão rápida como o usamos. Apesar de ser o principal dedo – sem ele, 50% da mão perderia a função – ele também é o mais instável e tende a se desgastar e desencaixar facilmente. Sendo assim, a articulação não é a melhor para se movimentar tão rapidinho e de forma curta por segundo.

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“O polegar não nasceu para fazer muitos movimentos por segundo. E os jovens fazem milhares de movimentos durante horas para digitar no celular usando os dois polegares. Quando usam um polegar só é pior ainda, porque sobrecarregam uma das mãos”, atesta o cirurgião Antônio Carlos da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão.

Com a repetição, vêm as dores, que, inicialmente, são inofensivas. Porém, com o tempo, podem se transformar em tendinite, sobrecarga muscular e até mesmo rizartrose – um tipo de artrose que afeta a articulação da base do polegar, causando possivelmente dor, desgaste, rigidez e limitações de movimento.

“A gente nota um aumento considerável de queixas de dores nas mãos, mas com padrões diferentes, muitas vezes ligadas à idade do paciente. Vemos picos na população mais jovem, que usa o aparelho o dia todo para jogos, entretenimento, troca de mensagens, mas também em adultos que dependem do aparelho para trabalhar, como vendedores, e na população mais idosa, que aprendeu a usar o celular e entrou na onda das redes sociais”, detalha Bufáiçal.

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Sintomas e solução

De acordo com os médicos entrevistados pela Agência Einstein, o primeiro sinal de desgaste é um leve desconforto nas mãos, que transforma-se em um certo cansaço. Em seguida, vêm as dores no polegar, que podem irradiar para o  braço. Há casos em que desenvolve-se dormência e queimação nos dedos.

A solução ideal seria parar de digitar, mas sabemos que isso é basicamente inviável. Então os profissionais indicam modificar a postura. “A gente sempre explica para o paciente que não tem outra solução a não ser se adaptar ao uso correto do celular para que a mão trabalhe numa posição menos ruim”. Outra alternativa, que Costa sugere, seria enviar mensagens de voz, utilizar o recurso de áudio transcrição variar os dedos entre polegares e indicadores ou apoiar o celular em uma superfície plana, como uma mesa, e usar o indicador para digitar as palavras.

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