Qual o impacto real do cortisol no organismo?

Conhecido amplamente como o “hormônio do estresse”, o cortisol tem uma série de papéis vitais no corpo humano. Entretanto, uma visão distorcida tem circulado pelas redes sociais, associando-o de forma ampla e muitas vezes equivocada a problemas como ganho de peso e cansaço excessivo. Mas o que realmente sabemos sobre esse hormônio e quais fatos necessitamos esclarecer para compreender sua verdadeira função?

O cortisol, um esteroide produzido pelas glândulas adrenais, é essencial para inúmeras funções corporais, como a regulação do metabolismo, a resposta ao estresse e até mesmo a função imunológica. Além disso, ele atua na regulação da pressão arterial e dos níveis de glicose no sangue. Apesar de seu papel crucial, o aumento das discussões nas redes sociais elevou o nível de desinformação em torno dos efeitos do cortisol.

Como o cortisol funciona e por que é importante?

O cortisol é liberado em resposta a situações de estresse percebidas pelo corpo como ameaçadoras. Esse mecanismo fazia parte crucial de estratégias de sobrevivência do passado, permitindo uma reação rápida em situações de risco. Hoje, esse mesmo mecanismo é ativado em situações de estresse do dia a dia, não necessariamente relacionadas a riscos físicos iminentes.

É o desbalanceamento do cortisol o grande vilão da saúde moderna?

A resposta para essa pergunta é complexa. Enquanto o estresse crônico pode sim levar a um aumento na produção do cortisol, e isso pode desencadear uma série de reações como aumento do apetite e ganho de peso, não é correto dizer que a maioria dos sintomas de cansaço e ansiedade são exclusivamente causados por isso. As condições de saúde variam intensamente e o cortisol é apenas uma peça do quebra-cabeça.

Desmistificando com a ajuda de especialistas

Segundo Alexandre Hohl, professor de Endocrinologia da UFSC, doenças relacionadas a disfunções no cortisol, como a doença de Cushing, são relativamente raras. Essa condição geralmente decorre do uso prolongado de corticosteroides ou da produção anormal de cortisol, frequentemente relacionada a um tumor. Os sintomas desse distúrbio são significativos e incluem aumento de peso, estrias vermelhas e pressão alta.

Por outro lado, Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, em entrevista ao g1, alerta para o excesso de simplificação e generalizações relacionadas ao hormônio. Correlacionar diretamente niveis de cortisol elevados com estresse, sem uma análise mais profunda, pode levar a diagnósticos equivocados. A recomendação é sempre procurar uma avaliação médica especializada em caso de sintomas persistentes.

Portanto, além de ser essencial para diversas funções vitais, o cortisol e sua regulação requerem um entendimento cuidadoso. Enquanto se navega por um mar de informações muitas vezes contraditórias nas redes sociais, a ciência e um acompanhamento médico adequado são indispensáveis para um diagnóstico preciso e um tratamento efetivo.

• Mantenha-se informado através de fontes confiáveis.
• Consulte médicos especializados para avaliações individualizadas.
• Pratique hábitos saudáveis, que ajudam na regulação hormonal e reduzem o estresse.

Finalmente, é essencial discernir informações válidas de meras especulações, principalmente quando o tema envolve algo tão complexo quanto o funcionamento hormonal do corpo humano.