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Fernanda Zanini – Rogério Dinniz

Em 21 de dezembro, Saturno, aquele que nos conduz à verdade, entrou em Capricórnio, signo regido pelo próprio planeta (ou deus) e que fará pouso até 2020. Quando esse deus fala, não nos resta outra opção senão ouvi-lo e, sobretudo, obedecê-lo. É por isso que é tão temido por quem tem algum conhecimento das estrelas e tão venerado pelos íntimos. Considerá-lo o planeta da limitação o faz gargalhar, pois seu mandamento é a verdade e ele sabe que ela liberta, nunca limita. Porém, ele sabe também que para construir algo verdadeiro precisamos de tempo e esforço – palavras que o definem muito bem. Com a chegada de Saturno em Capricórnio, o novo ciclo nos levará a buscar respostas para as três grandes questões que norteiam nossa vida: “Quem sou?”, “O que quero para mim?”, “O que estou fazendo aqui?”.

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Para encontrar tais respostas, olhar para si mesmo através de um espelho nos ajuda; porém, por medo de conhecê-las, às vezes olhamos para o espelho embaçado, logo após o banho. O medo é justificável, já que, na maioria das vezes, não sabemos ainda o que e por que queremos ou onde estamos. Por outro lado, sabemos muito bem o que não queremos e que estamos com a mente em lugar diferente de onde realmente estamos. E é aí que entra a sensação de limitação, pois mudar implica sempre abrir mão, deixar ir o “não” e dar lugar ao “sim”. Eis um ponto que requer atenção extra, pois, se dissermos “sim” aos nossos desejos mais genuínos, muitas vezes frustramos os alheios – e então deixamos de nos atender “aguentando só mais um pouquinho”, tentando controlar o tempo por achar que ele tem a obrigação de esperar até que tenhamos coragem de voar em direção ao “quem sou”.

A função de Saturno é ser aquele que sussurra as três perguntas em nossos ouvidos, é ser o espelho – e por isso dá medo. Mas, como um velho muito sábio, ele esconde dentro das próprias perguntas as respostas: “Sê o lugar onde estás!”, “Estai onde queres!”, “Quereis o que és!”. Por vezes, é mais fácil fingir que não o escutamos, mas, se não o escutarmos, nossas asas vão se atrofiando até virarem uma escultura de concreto que teremos de carregar por onde formos. Antes que ela tome conta do nosso corpo, só nos resta arregaçar as mangas e começar a quebrar o concreto. Como fazer isso? Firmando um acordo com Saturno por meio de três atitudes: ser responsável em manter os sonhos vivos, firmar compromisso com os próprios talentos e ter ambição em utilizar todo o potencial que existe em nós para construir mundos mais justos. A palavra de Saturno é de honra, nunca volta atrás. Se o acordo for cumprido, sua paga será tornar nossas asas leves, rompendo o concreto. Dentro dele encontraremos asas feitas de ossos e de plumas: ossos que guardam e reverenciam a história do passado; e plumas que nos arremessam aos ventos misteriosos do futuro – onde tudo podemos criar. Aquele que nos disse “A verdade vos libertará” era um íntimo amigo do Senhor Saturno.